Bypass gástrico: indicações, vantagens e desvantagens. 

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Equipe multidisciplinar realizando cirurgia bariátrica de bypass gástrico - site Dr. Luiz Gustavo Oliveira, cirurgião geral e bariátrico Rio de Janeiro

O bypass gástrico é o tipo de cirurgia bariátrica mais realizado no Brasil. Dessa forma, sua popularidade vai além do fato de ajudar a perder uma quantidade significativa de peso e está relacionada à eficiência e maior segurança do procedimento. 

Isso significa que, entre os tipos de cirurgia, essa é a única que deveria ocorrer? Na realidade não. Cada uma das operações possui suas vantagens e objetivos específicos. Mas somente um gastrocirurgião especializado é capaz de fazer a avaliação detalhada e determinar qual dos procedimentos trará melhores resultados ao caso individual do paciente. 

Mesmo assim, é importante entender como funciona a cirurgia bypass gástrico, suas principais vantagens e indicações. Saiba tudo sobre o procedimento no guia abaixo.  

O que é o bypass gástrico?

O bypass gástrico também é conhecido como Gastroplastia com derivação intestinal em Y de Roux. Essa cirurgia para emagrecer permite que pacientes consigam perder peso e controlar algumas doenças crônicas relacionadas à obesidade. Para tanto, o cirurgião altera o sistema digestivo com dois objetivos principais: 

  1. Diminuir o volume de alimento que o estômago é capaz de suportar, diminuindo assim a absorção de nutrientes; 
  2. Controlar a fome e aumentar a saciedade para auxiliar o indivíduo a tomar melhores escolhas alimentares.

Algumas cirurgias bariátricas realizam somente o primeiro objetivo. Ou seja, diminuem o tamanho estomacal para evitar que a pessoa coma em demasia. Daí vem o nome popular redução do estômago, que tem uso incorreto na maior parte das vezes. 

O grande diferencial da cirurgia por bypass está no segundo item. Pois, além de comer menos, o paciente também consegue ter menos apetite e ficar mais saciado com suas refeições. Isso ocorre por causa de algumas alterações fisiológicas e hormonais que ocorrem no organismo. 

Como ocorre o bypass gástrico?

A cirurgia por bypass gástrico é um procedimento que deve ser feito por um cirurgião experiente. O procedimento utiliza grampos cirúrgicos para dividir o estômago em duas bandas. A menor delas será utilizada como o “novo” órgão, capaz de armazenar uma quantidade menor de comida. A outra porção fica inutilizada, mas sem danos permanentes.

A parte onde deve passar o alimento é conectada diretamente a uma parte do intestino delgado. Isso significa portanto que, após consumir a comida, ela passa rapidamente pelo estômago e chega diretamente ao intestino. 

Para melhorar a perda de peso, a parte inicial do intestino também sofre um desvio. Ou seja, o alimento chega com maior velocidade à sua parte final, o que diminui a absorção de certos nutrientes e aumenta a saciedade. Afinal, é essa região do órgão a responsável por liberar hormônios relacionados a essa sensação. 

Mulher percebendo que está obesa - site Dr. Luiz Gustavo Oliveira, cirurgião geral e bariátrico RJ

Passo 1: diminuição do estômago

A bariátrica ocorre com o paciente sob anestesia geral. Depois que o anestésico faz efeito, o cirurgião realiza o acesso à região do estômago por laparoscopia, cirurgia robótica ou técnica aberta. Falaremos mais a respeito desses diferentes tipos mais à frente.

Com um grampo cirúrgico, o cirurgião deve dividir o estômago em uma parte superior menor e uma parte inferior maior. A menor delas será, dessa forma, reservada para acomodar e absorver alimentos após a cirurgia. 

O tamanho residual do estômago consegue aguentar 50ml de alimentos, podendo variar bem pouco de acordo com a necessidade do paciente. Para comparação, o órgão de uma pessoa normal consegue comportar de 1l a 1,3l de comida e líquidos. 

Passo 2: conectar ao intestino

Aqui ocorre o grande diferencial entre o bypass gástrico e outras cirurgias bariátricas. Ao realizar o procedimento, o cirurgião realiza um desvio no intestino delgado, fazendo com que a comida chegue diretamente à sua parte final. Isso deixa, portanto, o trajeto do alimento cerca de 1 metro mais curto. 

Assim, ele elimina a passagem do conteúdo gástrico pelo duodeno, parte inicial do intestino delgado. No entanto, essa parte do intestino, assim como o restante do estômago, não são eliminados. Somente seu trajeto é alterado, todo o restante permanece no corpo com funcionamento normal. Graças a isso, o procedimento se torna menos invasivo. 

Quando a comida chega com maior velocidade ao jejuno se aceleram também certos processos metabólicos. O órgão aumenta a produção de hormônios relacionados à saciedade. Dessa forma, a pessoa deixa de sentir fome rapidamente e consegue fazer melhores escolhas alimentares. 

Qual médico faz bariátrica do tipo bypass gástrico?

Muitos pacientes que planejam passar por um procedimento de bypass gástrico ficam na dúvida a respeito de qual médico faz bariátrica. A cirurgia em si deve ser realizada por um gastrocirurgião ou cirurgião geral que seja credenciado à sociedade brasileira de cirurgia bariátrica e metabólica, um cirurgião membro desta sociedade ou que faça parte dela. 

Também participam da operação outros especialistas médicos que estão presentes a todo momento na sala cirúrgica, incluindo: 

– Anestesiologista;

– Cirurgiões auxiliares;

– Enfermeiros; 

– Instrumentador cirúrgico. 

Estamos falando aqui a respeito somente do procedimento cirúrgico em si. No entanto, a cirurgia bariátrica exige uma preparação detalhada para trazer os melhores resultados. Dessa forma, o paciente também precisará de atendimento com uma equipe multidisciplinar extensa no pré e pós-operatório. 

Mulher com obesidade mórbida - site Dr. Luiz Gustavo Oliveira, cirurgião geral e bariátrico RJ

Tipos de técnicas cirúrgicas para gastroplastia

A gastroplastia pode ocorrer com algumas técnicas diferentes de acordo com o cirurgião e paciente que deve ser operado. Atualmente, a laparoscopia é a mais utilizada, por ser menos invasiva que a técnica aberta. 

Mas é importante saber que a decisão de qual técnica utilizar é algo único, de acordo com cada caso. Para isso, o cirurgião realiza uma avaliação cuidadosa do paciente e os dois definem qual é o melhor curso de ação. O objetivo é sempre diminuir ao máximo o risco de complicações no pós-operatório. 

Além disso, a bariátrica em si não muda mesmo que a técnica adotada seja aberta, por laparoscopia ou robótica. O que muda, na verdade, é a via de acesso usada pelo cirurgião para realizá-la. 

Cirurgia aberta convencional

Como o próprio nome explica, a cirurgia aberta ocorre com uma abertura maior na cavidade abdominal do indivíduo. Através dela, portanto, o cirurgião acessa a região do estômago para realizar todo o procedimento. O nome desse tipo de operação é laparotomia. 

Atualmente, a cirurgia aberta tem caído em desuso por grande parte dos cirurgiões. Por realizar um corte grande no abdômen, o paciente terá uma cicatriz significativa no pós-operatório com a qual se preocupar. 

O procedimento também gera mais sangramento e risco aos órgãos próximos do estômago. Mesmo assim, os resultados são eficientes para a perda de peso e melhora da qualidade de vida. Caso existam motivos para realizá-la, o cirurgião fará de tudo durante o pré-operatório para minimizar os riscos. 

Laparoscopia

Esse é o tipo de acesso mais comum atualmente. A cirurgia laparoscópica utiliza cinco ou seis furos pequenos no abdômen para permitir o acesso à região operada. Depois, o cirurgião insere o laparoscópio, equipamento com uma câmera ligada a um monitor, e outros instrumentos cirúrgicos. 

Por realizar menos cortes e lesionar uma quantidade significativamente menor de tecido, a laparoscopia permite uma internação menos longa após a cirurgia. Ademais, ela também está relacionada a menos complicações, sangramento e dor no pós-operatório. 

Ainda precisamos lembrar que a cirurgia laparoscópica é um procedimento invasivo e mesmo um paciente muito preparado pode ter problemas. Em casos raros, o risco de complicações pode levar o cirurgião a mudar a via de acesso laparoscópica para aberta durante a própria operação. 

Cirurgia robótica

cirurgia robótica é uma inovação na medicina que está mudando aos poucos o cenário cirúrgico. De forma similar à cirurgia laparoscópica, ela utiliza cinco ou seis pequenos furos para acessar a parte interna do abdômen. Porém, a grande diferença está no uso de braços robóticos para realizar toda a operação. 

O equipamento permite minimizar o risco de erro humano, já que traz movimentos mais seguros e precisos ao cirurgião, resultando num tempo médio de internação ainda menor e menos sangramento. As pinças utilizam um visor 3D para mostrar todo o local operado em detalhes e auxiliar a tomada de decisões mais rápidas e eficazes. 

No entanto, a cirurgia com uso de robô ainda é uma novidade e não está disponível em todos os hospitais. Quem deseja, portanto, aproveitar suas vantagens deve procurar um especialista capacitado a realizar esse tipo de procedimento. 

Paciente fazendo exames de preparação para a cirurgia de bypass gástrico - site Dr. Luiz Gustavo Oliveira, cirurgião geral e bariátrico RJ

Quem deve realizar o bypass gástrico

O bypass gástrico possui as mesmas indicações de outras cirurgias bariátricas. Para obesos com IMC de 40 ou mais não existe necessidade de comorbidades. Basta ter tentado, então, emagrecer com métodos convencionais, como dieta e atividade física, sem sucesso nos últimos 2 anos. 

Também é possível receber indicação para operar com IMC de 35 ou mais. Nesse caso, o paciente obeso precisa apresentar duas ou mais comorbidades relacionadas ao excesso de peso. A lista atualizada de doenças que levam a uma indicação da cirurgia bariátrica é bastante extensa e inclui: 

– Apneia do sono;

– Hipertensão arterial; 

– Esteatose hepática (acúmulo de gordura no fígado); 

– Cardiopatia

– Asma grave não controlada; 

– Refluxo gastroesofágico.

Além disso, a cirurgia metabólica hoje em dia é indicada para pacientes com IMC entre 30 e 35 e diabetes mellitus.  

Principais vantagens do bypass gástrico

Quem planeja realizar um bypass gástrico certamente está focado na perda de peso que esse procedimento deve trazer. Mas existem outros motivos para realizá-lo que incluem maior qualidade de vida, recuperação de autoestima e controle de doenças crônicas. 

Além disso, o bypass é um tipo de operação que traz algumas vantagens em relação a outras cirurgias bariátricas. Mas não estamos dizendo aqui que esse método é necessariamente melhor que outras opções. Somente o cirurgião e sua equipe poderão afirmar isso para cada paciente. 

O que queremos mostrar é que em alguns casos, a cirurgia com técnica bypass é mais indicada e traz melhores resultados. Entenda em detalhes, portanto, algumas de suas vantagens. 

1. Indicado para quem possui refluxo

Estudos tentam identificar a técnica de cirurgia mais adequada para pacientes com refluxo gastroesofágico há algum tempo. De acordo com o Bariatric Outcomes Longitudinal Database, somente 16% de quem realiza o método sleeve consegue melhoras no refluxo a médio ou longo prazo. 

Todavia, a situação é bastante diferente quando falamos do bypass gástrico. Pois 63% dos indivíduos que passaram pela operação relatam melhoras no refluxo. O motivo para isso parece estar relacionado à menor pressão do estômago após o procedimento cirúrgico. 

O desvio intestinal que a técnica usa também parece favorecer menos o retorno de conteúdo do estômago ao esôfago. Portanto, hoje em dia essa é a técnica mais indicada para quem sofre de refluxo

2. O bypass gástrico tende a gerar menos complicações pós-cirúrgicas

Em geral, pacientes que realizam o bypass gástrico apresentam uma quantidade menor de complicações pós-cirúrgicas. Isso é especialmente válido quando o procedimento ocorre utilizando-se de técnica videolaparoscópica ou de uma cirurgia robótica. 

3. Maior redução do apetite

A combinação de menor tamanho do estômago e desvio intestinal diminuem significativamente o apetite do indivíduo operado. Dessa forma, como o paciente passa a produzir mais hormônios relacionados à saciedade, ele também tem maior facilidade de aderir ao plano alimentar durante o pós-operatório.

Ao mesmo tempo que a saciedade aumenta, a produção de hormônios relacionados à fome cai. Para quem está tentando perder peso rápido, isso significa uma mudança radical e importante em seu estilo de vida. 

Além disso, resulta também em maior perda inicial de peso, assim como melhor manutenção da perda ao longo dos meses. Apesar de existirem chances de reganho, assim como em qualquer outra bariátrica, a probabilidade disso ocorrer é menor. 

4. Maior gasto energético

Como mencionamos ao longo deste artigo, a cirurgia causa mudanças hormonais, fisiológicas e metabólicas no organismo. Então, não é só o estômago que fica menor ou o intestino que começa a produzir mais hormônios da saciedade. O metabolismo também muda por causa dessas alterações. 

Quem passou por um bypass frequentemente consegue maior gasto energético em suas atividades diárias. Isso também contribui para a maior perda de peso e melhor manutenção ao longo dos próximos meses. 

Contanto que o paciente siga as orientações pós-operatórias adequadamente, ele deve ter resultados excelentes. Considerando que manter a alimentação saudável fica, então, mais fácil, basta aderir a um programa de atividades físicas regulares para maximizar a perda. 

5. Bypass gástrico contribui para melhorar doenças relacionadas à obesidade

Realizar o bypass gástrico ajuda no controle do refluxo, como falamos anteriormente, e de outras doenças relacionadas ao excesso de peso. Estudos mostram que pacientes com diabetes tipo 2, por exemplo, conseguem controlar a doença graças às mudanças metabólicas promovidas. 

Outras condições que levam à indicação da bariátrica também melhoram. Quem passa pelo procedimento tem um risco de morte por causas relacionadas à obesidade até 40% menor. 

Mesmo problemas psicológicos e psiquiátricos, como depressão e ansiedade, tendem a melhorar após a cirurgia.

A seguir, elencamos outras condições – além de diabetes, refluxo gastroesofágico e transtornos psicológicos e psiquiátricos citados anteriormente – que podem ser prevenidas ou apresentar melhoras com a gastroplastia:

  • Apneia obstrutiva do sono.
  • Problemas cardiovasculares, como insuficiência cardíaca congestiva.
  • Esteatose hepática ou síndrome do fígado gorduroso.
  • AVC (Acidente Vascular Cerebral).
  • Reumatismo, por exemplo, gota e artrite.
  • Dores nas articulações e nas costas provocadas pelo excesso de peso.
  • Enxaquecas.
  • Condições respiratórias, como asma.
  • Doenças venosas tromboembólicas.
  • Estase venosa.
  • Hipertensão arterial.
  • Colesterol alto.
  • Infecções dos tecidos moles.

6. Reduz a chance de câncer 

A gastroplastia em Y de Roux diminui a probabilidade do desenvolvimento de tumores malignos, bem como o surgimento de outros problemas de saúde. Conforme um estudo feito pelo CDC (Centro de Controle e Prevenção dos Estados Unidos), pelos menos 13 tipos de câncer podem ser evitados com a cirurgia, entre eles, do endométrio, de mama, renal, hepático, do esôfago e colorretal.

A pesquisa foi realizada por uma década com mais de 30 mil adultos obesos. O estudo verificou que a chance de indivíduos que se submeteram à bariátrica terem câncer caiu em 32%, se comparados àqueles que não fizeram a cirurgia. Ademais, o risco de morte foi de menos 48%.

Mulher que emagreceu após cirurgia bariátrica bypass - site Dr. Luiz Gustavo Oliveira, cirurgião geral e bariátrico Rio de Janeiro

7. O bypass gástrico proporciona significativa perda do excesso de peso no primeiro ano: de 60% a 80%

O bypass gástrico com derivação em Y de Roux possibilita ótimos resultados já nos primeiros meses. Em 1 ano, pacientes que realizam essa técnica podem perder entre 60% e 80% do peso corporal inicial.

8. Procedimento é reversível

É possível reverter a gastroplastia em Y de Roux, dependendo do quadro do paciente. Dessa forma, o gastrocirurgião ou cirurgião bariátrico avaliará a necessidade dessa reversão.

Vale lembrar que esse método muda a anatomia do estômago, reduzindo, assim, sua capacidade volumétrica em até 30 ml, além de fazer um desvio no trânsito do intestino na primeira porção deste órgão. 

9. Mais qualidade de vida

Estudos comprovam que quem passou pela bariátrica ganha vários benefícios no novo estilo de vida mais saudável. Além de recuperar a autoestima e o convívio social, esse procedimento traz mais longevidade. 

Uma publicação da revista Lancet em 2021, que reuniu estudos com mais de 175 mil pacientes, apontou que o aumento da expectativa de vida de um indivíduo com diabetes e indicação de bariátrica é de 9 anos, enquanto o ganho para quem é obeso e não é portador da doença é de 5 anos. 

10. Melhor desempenho sexual e aumento da fertilidade

A bariátrica, popularmente conhecida como cirurgia de redução de estômago, melhora a vida sexual, favorece a fertilidade, tanto para mulheres quanto para homens, e reduz a chance de complicações na gravidez.

Uma pesquisa divulgada pela revista JAMA Surgery mostrou que uma parcela significativa de pessoas submetidas à bariátrica apresentaram melhor função sexual, libido elevada e atos mais frequentes.

Em relação à fertilidade masculina, diversos estudos revelam que a gastroplastia, sendo a técnica bypass gástrico a mais utilizada, promove a regularização hormonal nos homens. Como o excesso de peso contribui para o desequilíbrio da produção de hormônios ligados à qualidade e quantidade do esperma, a cirurgia é capaz de melhorar a fertilidade.

No caso das mulheres, a obesidade gera um aumento dos hormônios masculinos e da insulina, acarretando distúrbios menstruais, anovulação (ausência de ovulação) e síndrome do ovário policístico e, consequentemente, infertilidade. Com a bariátrica, há uma normalização desses hormônios, assim como do ciclo menstrual, potencializando as taxas de gravidez.

11. Melhora a dor nas costas e nas articulações

É comum que pacientes com excesso de peso sofram com algumas dores pelo corpo, principalmente nas costas, joelhos e tornozelos. Mas após o bypass o paciente consegue melhorar sua postura e a pressão nas articulações diminui. Isso contribui para uma redução gradual dos desconfortos.

Além disso, a maior mobilidade e disposição para praticar atividades físicas ajuda no fortalecimento muscular, o que é fundamental para proteger e aumentar a estabilidade das articulações.

Desvantagens da cirurgia bypass gástrico

Como qualquer procedimento cirúrgico, a técnica bypass gástrico também possui suas desvantagens, riscos e complicações. Confira, então, abaixo quais são seus aspectos desfavoráveis:

  • Alta complexidade da técnica devido à mudança na estrutura gastrointestinal.
  • Maior tempo de recuperação.
  • Restrição da alimentação para o resto da vida.
  • Deficiências nutricionais em virtude da diminuição da absorção de vitaminas e minerais pelo intestino.
  • Desnutrição.
  • Possível reganho de peso.
  • Síndrome de dumping, que causa a passagem rápida de alimentos não digeridos para o intestino delgado, gerando desconforto, náuseas e/ou contorção na região abdominal. Tem a ver ainda com a disciplina do paciente em relação à ingestão de doces e carboidratos.
  • Obstrução intestinal, que provoca desconforto abdominal, como cólicas, espasmos e sensação de entupimento.
  • Se houver má cicatrização, podem surgir vazamentos no trato gastrointestinal.
  • Chance de ocorrências de infecções pulmonares, sítio de incisão ou de linhas de grampeamento interno.
  • Desenvolvimento de coágulos sanguíneos.
  • Excesso de pele.

Por que o bypass gástrico é o método mais realizado no mundo?

A bariátrica bypass gástrico é um dos tratamentos cirúrgicos contra a obesidade das mais empregados no Brasil e no mundo. Dessa forma, há décadas, o método vem evoluindo bastante a partir de estudos que validaram sua eficácia e, por esse motivo, é um dos mais aplicados por especialistas em todos os lugares.

Com pesquisas comprovadas ao longo do tempo, a técnica possui seus riscos e complicações bem delineados e o elevado grau de efetividade consolidado, tornando-o mais seguro.

Mulher segurando balança tentando perder peso - site Dr. Luiz Gustavo Oliveira, cirurgião geral e bariátrico Rio de Janeiro

Pré-operatório: o que fazer e sua importância

Considerada a técnica padrão-ouro dos tratamentos cirúrgicos para perder peso, a gastroplastia em Y de Roux é uma das mais realizadas na atualidade. Entretanto, para que o procedimento seja bem-sucedido, é necessário que o paciente siga à risca todos as orientações médicas no pré e no pós-operatório.

Você que é candidato(a) à bariátrica já sabe como se preparar corretamente? Destacaremos agora algumas recomendações pré-operatórias.

1. Atender aos pré-requisitos para realizar a cirurgia

A bariátrica bypass gástrico não é recomendada apenas para quem quer perder peso. Toda gastroplastia provoca grandes modificações no sistema digestivo, por isso, para estar apto, o paciente deverá se enquadrar nos critérios estabelecidos pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). São eles:

  • Apresentar Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 40 kg/m2, classificado como obesidade mórbida, sem exigência da presença de comorbidades.
  • Ter IMC entre 35 kg/m2 e 40 kg/m2 com comorbidades relacionadas à obesidade, por exemplo, hipertensão arterial e diabetes tipo 2.

Vale esclarecer ainda que quem possui IMC entre 30 kg/m2 e 35 kg/m2 pode ser submetido à cirurgia metabólica – equiparada à bariátrica, mas com foco na remissão de doenças, contanto que seja comprovada a existência de comorbidades graves advindas da obesidade.

O paciente deverá ter 18 anos ou mais, sem limite de idade. Mas, caso ele tenha entre 16 e 18 anos, a cirurgia bariátrica poderá ser feita mediante avaliação específica e autorização.

Para que haja indicação do procedimento de redução de estômago, nome popular da gastroplastia, o paciente precisa estar com seu IMC estável por pelo menos 2 anos e ter experimentado antes outros tratamentos clínicos sem sucesso. Basicamente, a conduta terapêutica engloba reeducação alimentar, atividades físicas e acompanhamento especializado para combater a compulsão por comida, além de medicamentos que simulem a saciedade.

2. Acompanhamento psicológico 

A obesidade é uma doença multifatorial sem cura. A boa notícia é que existem tratamentos muito eficientes, que incluem o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar. Por isso, o papel do psicólogo é essencial pelas seguintes razões:

  • Ajuda o paciente a entender sua condição e os gatilhos que podem estar associados à compulsão alimentar.
  • Auxilia a pessoa nos desafios para adotar um estilo de vida mais saudável.
  • Colabora para fortalecer a saúde emocional de quem irá assumir um tratamento complexo e longo.

3. Orientação nutricional

A avaliação de um nutricionista é primordial em todas as fases desse tratamento. Busca introduzir novos hábitos alimentares na vida do paciente, bem como avaliar os parâmetros bioquímicos.

O profissional poderá solicitar exames complementares, como hemograma completo, para direcionar sua abordagem terapêutica e receitar dietas antes da operação, já que é necessário perder peso nesse período.

4. Dieta pré-bariátrica nutritiva para o bypass gástrico

A adoção de uma dieta pré-bariátrica com alto valor nutricional para quem vai fazer a cirurgia pelo método bypass gástrico é de extrema importância. A reeducação alimentar e uma alimentação saudável pode garantir melhores resultados do procedimento, além de evitar um quadro de desnutrição.

Muitos pacientes apresentam desnutrição pré-operatória. Por exemplo, entre 50% e 70% dos indivíduos têm carência de vitamina D constatada antes da intervenção cirúrgica. 

Desse público obeso, sabe-se que: de 40% a 50% apresentam deficiência de ferro; entre 30% e 36%, falta de zinco; cerca de 30%, deficiência de tiamina; e 40%, carência de vitamina B12. Isso acontece porque esse tipo de paciente consome alimentos bastante calóricos, mas pobres em nutrientes.

Como a gastroplastia provocará uma restrição alimentar pelo resto da vida, podendo gerar deficiências nutricionais em virtude da diminuição da absorção de vitaminas e minerais, o paciente deverá buscar acompanhamento com um nutricionista antes mesmo da cirurgia. 

A intervenção acarretará uma redução na capacidade de volume da ingestão alimentar, observando-se um emagrecimento facilitado nos 15 meses posteriores. Um dos motivos é que a cirurgia libera hormônios denominado anorexígenos, que inibem a fome.

4.1. Dicas básicas de novos hábitos alimentares

Entre as recomendações mais comuns durante o acompanhamento nutricional antes da bariátrica, podemos citar:

  • Beber bastante água, para o bom funcionamento do organismo.
  • Alimentar-se a cada 3 ou 4 horas, em pequenas porções e mastigando devagar.
  • Optar por produtos na versão light.
  • Ingerir bebidas naturais, como sucos da polpa da fruta, e cereais integrais.
  • Trocar o açúcar refinado por adoçante.
  • Preferir grelhados a frituras.
  • Não consumir bebida alcóolica exageradamente.
  • Evitar alimentos embutidos, fast-food e industrializados.

4.2. Principais riscos de ignorar a dieta pré-operatória

Caso o paciente não inclua novos hábitos alimentares na sua rotina antes e depois da cirurgia bypass gástrico, provavelmente, ganhará peso novamente.

Além do mais, se a dieta não for prescrita adequadamente por um nutricionista qualificado, o paciente estará sujeito a problemas ligados à deficiência de nutrientes, tais como:

  • Anemia.
  • Carência de ferro.
  • Osteoporose.
  • Síndrome Wernick.
  • Flacidez muscular.

Ademais, a pessoa deverá adotar uma suplementação vitamínica, além de praticar atividades físicas.

5. Consultas pré-cirúrgicas do método bypass gástrico

As consultas antes da cirurgia bypass gástrico são passos importantes. A avaliação pré-anestésica, por exemplo, visa checar as condições do paciente e possíveis dificuldades e necessidades especiais.

A bariátrica requer anestesia geral. Em certas situações, portanto, as comorbidades podem impedir a execução da cirurgia.

Já na consulta com o cirurgião bariátrico ou gastrocirurgião, são acertados os últimos detalhes, bem como esclarecidos os riscos e benefícios da técnica escolhida. O especialista também poderá pedir exames complementares, visando verificar a evolução preparatória e supostos impeditivos.

6. Atenção à saúde bucal

Você sabia que o Brasil é o segundo país do mundo que mais realiza bariátricas? São aproximadamente 80 mil por ano, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM). Mas o paciente precisa saber como se preparar direito para essa cirurgia. Um dos passos importantes é manter uma boa saúde bucal.

Poucas pessoas se atentam para essa questão, porém, estar com a saúde oral em dia reflete na conquista de melhores resultados da gastroplastia. Isso porque esse fator está associado ao processo de mastigação, que interfere no bom funcionamento do sistema digestivo.

Sendo assim, é fundamental procurar por um dentista, para avaliar sua saúde bucal antes da cirurgia. Desse modo, você evitará doenças gengivais, cáries, infecções, próteses mal adaptadas e outros problemas que possam comprometer uma eficiente mastigação.

7. Ter um melhor estilo de vida e seguir cuidados recomendados antes da bariátrica bypass gástrico

Ter um estilo de vida mais saudável e tomar alguns cuidados antes de fazer a bariátrica bypass gástrico é primordial para seu sucesso. Confira algumas recomendações:

  • Evitar ou diminuir o cigarro, no mínimo, 30 dias antes da intervenção.
  • Não tomar café e bebidas alcóolicas ou reduzir sua ingestão, pelo menos, às vésperas do procedimento.
  • Caminhar ou praticar atividades que ajudem a ter boa condição física e contribuam para o pleno funcionamento dos sistemas circulatório e respiratório.
  • Conservar as dobras da pele e o umbigo higienizados, visando evitar a presença de fungos.
  • Buscar o apoio familiar.

8. Fazer acompanhamento com a equipe multidisciplinar

Com o acompanhamento multidisciplinar, não apenas no pré-cirúrgico, mas durante todo o processo da cirurgia bariátrica, é possível otimizar seus resultados e garantir uma boa recuperação. Dentre os profissionais que compõe essa equipe, estão:

  • Cirurgião bariátrico.
  • Endocrinologista.
  • Educador físico.
  • Fisioterapeuta.
  • Cardiologista.
  • Nutricionista.
  • Anestesista.
  • Psicólogo.

A avaliação multidisciplinar deve começar logo após a primeira consulta com o cirurgião, com duração média de 45 a 90 dias, para a emissão de laudos atestando a aptidão do paciente.

Também é importante verificar se a estrutura hospitalar é adequada, limpa, bem equipada e segura.

8. Fazer os exames pré-cirúrgicos do bypass gástrico

A avaliação pré-cirúrgica para bypass gástrico exige vários exames físicos, laboratoriais e de imagem. A seguir, elencamos os principais itens requeridos:

  • Exame físico e histórico do paciente (anamnese): peso, altura, medidas etc.
  • Avaliação endocrinológica.
  • Avaliação e manejo de comorbidades: diabetes, hipertensão arterial, dislipidemia, entre outras.
  • Análises laboratoriais, como hemograma completo.
  • Avaliação cardiopulmonar: ecocardiograma, radiografia torácica e ecocardiografia, em caso de suspeita de doença cardíaca ou de hipertensão pulmonar.
  • Gasometria e polissonografia, se houver suspeita de apneia do sono.
  • Endoscopia digestiva alta com investigação de H. Pylori.
  • Ultrassonografia abdominal em casos de suspeita de colelitíase e/ou de esteatose/esteato-hepatite.

9. Minimização de riscos da cirurgia bypass gástrico

O pré-operatório para bypass gástrico também é responsável por minimizar os riscos e evitar complicações que podem surgir no procedimento. Saiba quais são os riscos associados à bariátrica:

  • Hemorragia.
  • Infecção.
  • Óbito (casos raros).
  • Problemas respiratórios ou pulmonares.
  • Reação à anestesia.
  • Trombose.

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