As cirurgias bariátricas surgem como uma alternativa de vida melhor para pacientes que, após várias tentativas fracassadas de emagrecimento, continuam lutando contra a obesidade. Os procedimentos geram esperança de uma melhor qualidade de vida aos pacientes obesos.
O que são cirurgias bariátricas?
As cirurgias bariátricas e metabólicas, também conhecidas como cirurgias da obesidade, ou, popularmente, cirurgias de redução de estômago são procedimentos destinados ao tratamento de obesidade mórbida e ou obesidade grave, assim como de doenças que são associadas ao excesso de gordura corporal ou que são agravadas pelo peso além do limite.
O conceito de cirurgia bariátrica foi incorporado devido a estudos científicos que foram capazes de demonstrar que os órgãos envolvidos nesse procedimento cirúrgico produziam substâncias hormonais. A cirurgia, então, altera esse equilíbrio hormonal inicial de uma forma benéfica ao paciente com obesidade, seja na perda de peso, no controle ou até mesmo na cura de doenças endocrinológicas, como, por exemplo, hipercolesterolemia, diabetes, hiperuricemia e, até mesmo, hipertensão, que faz parte da síndrome plurimetabólica.
Para quem a cirurgia é indicada?
A cirurgia bariátrica é indicada para pacientes que tem um excesso de peso importante (IMC >40 OU IMC entre 35 e 40 com comorbidades) e não obtiveram resultado com tratamentos conservadores, como dieta, exercício físicos e medicamentos por um período de dois anos, pelo menos. Pacientes com doença cardiovascular, hipertensão arterial com dificuldade em ser controlada, síndrome de apneia e hipopneia obstrutiva do sono, diabetes mellitus de difícil controle e doença articular degenerativa também são beneficiados com a cirurgia.
As cirurgias bariátricas não devem ser o plano A
As cirurgias bariátricas não são o plano A, ou seja, não são indicadas para todos os pacientes logo de início. Ainda que as técnicas costumem manifestar bastante eficiência no tratamento da obesidade, a indicação para a realização do procedimento cirúrgico demanda tempo e tentativas prévias com métodos não invasivos para emagrecer. Primeiramente, a obesidade deve ser tratada de forma conservadora com adequação alimentar, prática de exercícios físicos e acompanhamento psicológico e de outros profissionais que sejam capazes de contribuir para a melhora na relação da pessoa com a sua alimentação.
A maioria das pessoas obesas cometem um grande erro: ter o costume de ver a cirurgia da obesidade como uma maneira fácil de reduzir e também manter o seu peso corporal. Mas é importante lembrar que a cirurgia auxilia no emagrecimento, porém não é uma fórmula mágica. Por isso deve haver comprometimento por parte do paciente em fazer todo o tratamento da forma correta para garantia de bons resultados.
Tipos de cirurgias bariátricas
As cirurgias bariátricas podem ser divididas em diversos tipos, sendo suas variações decorrentes do modo como a técnica é aplicada e como funciona o mecanismo do procedimento cirúrgico. Aqui falaremos dos dois principais.
O bypass gástrico é um dos tipos de bariátrica, contando com um corte no intestino para a ligação do órgão a uma porção que é reduzida do estômago. A parte maior do estômago torna-se isolada, sem haver a necessidade de retirá-la. O método conta com algumas vantagens, como a sua associação ao controle do diabetes com a liberação de hormônios capazes de reduzir a resistência à insulina (a liberação desses hormônios ocorre ao retirar-se o duodeno).
O método sleeve também é um dos tipos da cirurgia, ocorrendo sem a necessidade de manipulação do intestino. A cirurgia mantém o caminho original dos alimentos, porém com a retirada da maior parte do estômago. Uma das vantagens é que a técnica sleeve é menos invasiva, atuando somente em um órgão. Portanto, não há perda intestinal, diminuindo a necessidade de muita suplementação vitamínica.
Cirurgias bariátricas: conheça as etapas do pré-operatório
O pré-operatório das cirurgias bariátricas é uma fase crucial que envolve uma série de avaliações e preparações, com o objetivo de garantir a segurança e a eficácia do procedimento.
Esse período é caracterizado pela integração de uma equipe multidisciplinar composta por diversos especialistas, incluindo endocrinologista, nutricionista, psicólogo e cirurgião bariátrico ou do aparelho digestivo, dentre outros especialistas. Assim, cada um desempenha um papel fundamental na avaliação da aptidão do paciente para a intervenção.
Além disso, o processo pré-operatório abrange a adoção de novos hábitos alimentares e físicos, que não só otimizam as condições do paciente para a cirurgia, mas também promovem uma recuperação mais rápida e eficaz.
Portanto, com uma abordagem cuidadosamente planejada, o pré-operatório estabelece a base para o sucesso da bariátrica, a melhoria da saúde e a qualidade de vida do paciente. A seguir, conheça alguns passos importantes para a realização da gastroplastia redutora, também chamada de cirurgia de redução de estômago.
1. Consultas com a equipe multidisciplinar
O primeiro passo para as cirurgias bariátricas é a avaliação por uma equipe multidisciplinar, que inclui endocrinologista, nutricionista, psicólogo e gastrocirurgião, por exemplo. Essa avaliação determina se o paciente realmente necessita da cirurgia e se é o momento adequado para realizá-la.
Agora, entenda o papel desempenhado por alguns profissionais envolvidos nesse processo:
a) Psicólogo: verifica se o paciente está preparado para as mudanças que a cirurgia trará, como restrições alimentares, alterações nos hábitos de vida e questões psicológicas, como ansiedade. Também busca entender os fatores que podem ter desencadeado a obesidade, como a compulsão alimentar.
b) Nutricionista: ajuda a ajustar a alimentação do paciente à sua realidade e às necessidades do pós-operatório, garantindo uma dieta adequada para a recuperação.
c) Endocrinologista: investiga a presença de distúrbios metabólicos que possam estar agravando a obesidade e que necessitem de tratamento antes da cirurgia.
d) Psiquiatra: em alguns casos, pode ser necessária a consulta com esse especialista para iniciar medicação, especialmente voltada ao controle da ansiedade.
e) Cirurgião bariátrico ou gastrocirurgião: responsável pela execução do procedimento e pelo acompanhamento necessário do início ao fim de todo o processo. Durante sua avaliação, são checados alguns dados preponderantes para o processo, como: Histórico de peso e altura;Doenças preexistentes;Histórico de tratamento clínico;Uso de medicamentos para emagrecimento;Hábitos alimentares;Frequência de atividades físicas.
f) Anestesista: avalia as condições de saúde do paciente, bem como possíveis alergias a substâncias e histórico familiar. É uma parte indispensável da fase pré-operatória, que visa garantir a segurança do indivíduo desde a internação até o pós-operatório.
Nessa etapa, sobretudo, é feito o risco cirúrgico, podendo envolver consultas com o cardiologista e o pneumologista, dependendo do caso.
2. Procedimentos pré-operatórios para as cirurgias bariátricas
Nesta seção, serão descritos os procedimentos do pré-operatório das cirurgias bariátricas até o momento da operação.
Durante o pré-operatório, o paciente deve realizar uma série de exames, incluindo:
- Endoscopia digestiva alta com pesquisa de H. pylori;
- Ultrassom abdominal total;
- Raio-X de tórax PA e perfil;
- Eletrocardiograma e/ou ecocardiograma;
- Exames laboratoriais, como o hemograma completo;
Nesse intervalo de tempo, o paciente preenche o documento de “Consentimento Informado”, reconhecendo estar ciente dos benefícios e riscos da cirurgia.
Se a cirurgia for indicada, o paciente deve realizar os citados exames pré-operatórios.
3. Preparo cirúrgico
Após a avaliação multidisciplinar, inicia-se o preparo para todos os tipos de bariátrica. Por isso, é crucial que o paciente comece a mudar seus hábitos alimentares antes do procedimento, adotando uma dieta hipocalórica que mantenha níveis adequados de proteína.
Ainda, vale destacar que essa dieta pré-operatória ajuda a evitar perda muscular, o que pode aumentar o risco cirúrgico.
Ademais, nesse contexto, pode-se considerar a pré-habilitação cardiopulmonar, incluindo atividade física aeróbica, que é altamente benéfica, pois reduz as complicações e o tempo de internação, trazendo vantagens tanto no pré quanto no pós-operatório. Além disso, favorece o emagrecimento prévio, que contribui para uma perda de peso mais significativa após a gastroplastia redutora.
4. Jejum pré-operatório para cirurgias bariátricas
Para a realização das cirurgias bariátricas, é essencial seguir as orientações do cirurgião do aparelho digestivo e da equipe de anestesia sobre o jejum. Em geral, um jejum de 6 horas para alimentos leves é o ideal.
Em alguns casos, pode-se utilizar o jejum com líquidos claros, a fim de reduzir a ansiedade e a resposta metabólica ao trauma.
Também vale acrescentar que a internação geralmente ocorre no dia do procedimento, cerca de 2 a 3 horas antes da intervenção cirúrgica. Em determinados casos, pode ser necessária uma internação prévia.
Por fim, é importante estar ciente de que, além do tempo cirúrgico, há um período para a anestesia, a preparação e a organização do material cirúrgico antes de iniciar a operação.
Pós-operatório das cirurgias bariátricas
O pós-operatório da cirurgia bariátrica tem diversos aspectos. O paciente precisa ter cautela para garantir a boa cicatrização dos tecidos, assim como também devem-se fazer alterações nos hábitos alimentares. Para uma melhor compreensão, saiba um pouco mais sobre cada um desses aspectos:
Alimentação
A alimentação precisa estar entre os principais cuidados no pós-operatório da cirurgia. Entre as primeiras 12 ou 24 horas após a realização do procedimento, o paciente começa a receber líquidos.
Após passado esse período, os primeiros dias deverão estar voltados para a recuperação do organismo, adotando uma dieta líquida e pausada também para que as linhas de sutura não fiquem forçadas.
O paciente deverá ingerir pequenos volumes para a readaptação de seu organismo, garantindo repouso gástrico e a hidratação corporal. Geralmente recomenda-se água de coco, água filtrada, caldos de verduras ou de carne e sucos que não sejam ácidos.
O paciente poderá receber alimentação pastosa somente alguns dias após a cirurgia. Lembrando que a evolução da dieta se faz de acordo com a adaptação de cada paciente. Também é importante levar em consideração alguns sinais, como náuseas, dor e vômito, como forma de garantir que o paciente esteja recebendo a alimentação adequada para a sua situação.
Nutrição
A forma como o organismo absorve os nutrientes passa por algumas mudanças após a cirurgia para a redução de estômago, assim como ocorre também a redução da quantidade de comida ingerida. Dessa forma o corpo não está recebendo todos os nutrientes que necessita para garantir seu bom funcionamento, precisando de uma suplementação nutricional.
Inicia-se essa suplementação após a terceira ou quarta semana de cirurgia. Indicam-se complexos vitamínicos, principalmente de vitaminas tipo B. Já para as mulheres, pode-se adicionar a suplementação de vitamina D e cálcio.
Ter o apoio de um profissional em nutrição é fundamental para a avaliação inicial, orientando e fazendo as adaptações necessárias na dieta, bem como também é importante o acompanhamento em longo prazo buscando evitar déficits alimentares, vitamínicos, de cálcio e também outros nutrientes.
Atividades físicas
Após a realização da cirurgia, o paciente não deve permanecer em repouso total. No hospital o paciente deve ficar na poltrona ao invés de ficar somente na cama. Deve-se realizar caminhadas também de maneira progressiva e com o auxílio de supervisão e orientação.
Com essas medidas, evitam-se os problemas respiratórios, colaborando para a adaptação do seu corpo à sua nova condição.
Suporte psicológico
As cirurgias bariátricas são capazes de promover uma mudança enorme na vida da pessoa, por isso é tão importante que o paciente faça acompanhamento psicológico após submeter-se à técnica. A nova maneira de se alimentar, a perda repentina de peso e a modificação do corpo são apenas alguns entre os aspectos que são capazes de abalar o emocional.
O apoio psicológico é fundamental para auxiliar o paciente a enfrentar as possíveis dificuldades e inseguranças que possa sentir. O psicólogo também irá oferecer suporte no enfrentamento da ansiedade, de possíveis compulsões alimentares, de depressão e de qualquer outro quadro que possa que se manifeste.
Cirurgias bariátricas: sua importância para tratar a obesidade
As cirurgias bariátricas têm se mostrado aliadas valiosas para aqueles pacientes que buscam tratamento para a obesidade e as doenças associadas a esse problema. Sendo a obesidade um distúrbio multifatorial, muitas vezes, não se pode resolver o excesso de peso apenas com a mudança de hábitos.
Desse modo, a procura por um tratamento eficiente e seguro tem tornado a bariátrica uma opção viável para muitos pacientes que vêm enfrentando a obesidade. Contudo, como qualquer procedimento cirúrgico, esse também gera muitas dúvidas, tanto sobre a cirurgia em si quanto a respeito do pós-operatório.
Dúvidas relacionadas às cirurgias bariátricas
Compreender os detalhes sobre as cirurgias bariátricas é essencial para aqueles que consideram esse procedimento como uma opção de tratamento. As perguntas mais comuns giram em torno do perfil de pacientes indicados para a cirurgia e seus possíveis riscos.
A seguir, abordamos essas questões de forma detalhada.
1. Qual o peso mínimo para fazer cirurgias bariátricas?
Não se indica a gastroplastia redutora ou bariátrica para todos. Recomenda-se o procedimento apenas para pacientes com graus mais severos de obesidade.
Para considerar-se apto ao procedimento, o indivíduo precisa se enquadrar em uma das faixas de Índice de Massa Corporal (IMC) relacionadas a seguir, além de estar com o grau estável por, no mínimo, dois anos, segundo o que o Conselho Federal de Medicina (CFM) define:
- IMC superior a 40 kg/m²: considera-se este quadro como obesidade mórbida e, nele, não se exige que o paciente apresente outras enfermidades associadas à condição.
- IMC entre 35 Kg/m² e 40 Kg/m²: nesse caso, é preciso possuir alguma comorbidade, como hipertensão arterial, diabetes tipo 2 e apneia do sono.
- IMC entre 30 Kg/m² e 35 Kg/m²: esses pacientes podem se submeter à cirurgia metabólica, que é similar à gastroplastia, mas seu foco principal é a remissão de doenças relacionadas à obesidade, como o diabetes tipo 2.
Além de se encaixar em um desses critérios, é primordial que o paciente fique atento a outros pontos. Por exemplo, é necessário ter 18 anos ou mais. Caso o paciente tenha entre 16 e 18 anos, será necessária uma avaliação específica e autorização, não havendo limite máximo de idade para a intervenção.
2. A bariátrica pode ser a primeira alternativa de tratamento?
Não, a bariátrica não pode ser a primeira escolha de tratamento. Os pacientes com graus mais severos de obesidade precisam preencher alguns pré-requisitos.
Eles devem ter realizado tratamentos contínuos ou não por, pelo menos, dois anos, como dito anteriormente, sem sucesso. Alguns já podem ter passado pelo tratamento com balão intragástrico, por exemplo. A comprovação desse histórico de tratamentos é essencial.
Ademais, é necessário que o paciente tenha tentado dietas, atividades físicas e uso de medicação.
3. Existem condições que impeçam a execução das cirurgias bariátricas?
Sim, há algumas contraindicações. O paciente que deseja realizar alguma das cirurgias bariátricas não pode ter doenças crônicas graves, como insuficiência cardíaca, cirrose ou problemas pulmonares severos que impossibilitem o procedimento.
As contraindicações para a realização da bariátrica estão descritas no rol da Agência Nacional de Saúde (ANS). Veja outros quadros que podem impedir o procedimento:
1. Transtornos psiquiátricos não controlados: pacientes com condições psiquiátricas não estabilizadas não são indicados para a cirurgia.
2. Limitação intelectual relevante: pessoas com limitações intelectuais significativas que atrapalham a compreensão e a adesão ao tratamento.
3. Hipertensão portal e outras condições: indivíduos com hipertensão portal e varizes esofagogástricas, doenças imunológicas ou inflamatórias do trato digestivo superior, que aumentam o risco de sangramentos digestivos ou tumores endócrinos.
4. Síndrome de Cushing não tratada: pacientes com síndrome de Cushing decorrente de hiperplasia suprarrenal não tratada.
Essas condições podem comprometer a segurança e a eficiência do procedimento, tornando a bariátrica inviável para esses pacientes.
Além do mais, é fundamental que os candidatos à gastroplastia não tenham dependências, como o uso crônico de álcool ou tabaco.
4. Afinal, quais são os principais métodos cirúrgicos para a bariátrica?
O Conselho Federal de Medicina permite várias modalidades cirúrgicas para a bariátrica. Entre as principais técnicas, temos:
1. Balão intragástrico: é uma técnica menos invasiva, que consiste na colocação de um balão no estômago para reduzir a capacidade alimentar.
2. Gastrectomia vertical ou sleeve:é um método moderno e amplamente utilizado, que reduz o estômago sem envolver o intestino. Essa técnica é a mais utilizada nos Estados Unidos atualmente.
3. Bypass gástrico:esse método, em uso desde a década de 1950, não só reduz o estômago, mas também envolve um desvio intestinal. É considerado uma cirurgia mais completa, com maior potencial de melhora da obesidade e das doenças associadas.
5. Qual das técnicas das cirurgias bariátricas é a melhor?
Não há uma técnica que seja universalmente melhor entre as cirurgias bariátricas. Assim, a escolha da técnica cirúrgica bariátrica deve ser feita com base na avaliação detalhada do paciente pelo cirurgião do aparelho digestivo ou gastrocirurgião.
Sobretudo, é importantíssimo identificar o procedimento mais adequado para cada paciente, considerando as suas condições e necessidades. Essa avaliação cuidadosa garante os melhores resultados possíveis.
6. O acompanhamento psicológico é indispensável nesse tratamento?
Sim, é essencial. Isso porque a obesidade é uma doença multifatorial, envolvendo aspectos metabólicos, emocionais e genéticos. Ainda, vale destacar que cerca de 80% dos pacientes que fazem a bariátrica têm algum distúrbio psicológico.
Portanto, não é apenas importante realizar uma avaliação psicológica antes da cirurgia, mas também manter um acompanhamento contínuo após o procedimento. Esse suporte psicológico é crucial, pois a relação do paciente com a comida mudará, e o trabalho no pós-operatório o ajudará a atingir seus objetivos de forma saudável e sem grande sofrimento.
7. É possível engordar novamente após as cirurgias bariátricas?
Sim, é possível que pacientes bariátricos ganhem peso novamente após qualquer uma das cirurgias bariátricas. No entanto, vale ressaltar que, nos dias de hoje, a gastroplastia redutora é considerada o melhor tratamento para a obesidade, apesar de não representar uma cura definitiva e estar sujeita a falhas.
Por isso, para evitar a recuperação do peso, é fundamental que os pacientes mantenham um acompanhamento pós-operatório, consultem regularmente uma nutricionista e sigam uma rotina de atividade física.
Por fim, a chave para evitar o reganho de peso é a manutenção de um estilo de vida saudável e a continuidade dos cuidados após a cirurgia. Se o paciente abandonar esses cuidados, é provável que volte a engordar.
8. Em média, quantos quilos o paciente pode perder com o tratamento cirúrgico?
Os pacientes que realizam um das técnicas das cirurgias bariátricas geralmente perdem todo o seu excesso de peso. Por exemplo, um paciente que deveria pesar 80 quilos, de acordo com a sua altura, e faz a cirurgia pesando 120 quilos pode retornar ao seu peso ideal após um ano ou um ano e meio.
Desse modo, um dos maiores objetivos da bariátrica é devolver ao paciente o seu peso ideal, baseado no IMC.
No entanto, há variações. Alguns pacientes não perdem todo o excesso de peso, especialmente se começam a praticar exercícios físicos e ganham massa muscular. Assim, um paciente que deveria pesar 80 quilos, por exemplo, pode ficar saudável com 85 ou 90 quilos, caso esteja ganhando músculo.
Portanto, o emagrecimento refere-se, principalmente, à perda de gordura. Após a cirurgia, o paciente, normalmente, atinge uma composição corporal sadia, com aproximadamente 15% a 20% de gordura corporal, que é considerado saudável do ponto de vista do gastrocirurgião ou de outro especialista da área.
9. Mulheres podem engravidar depois das cirurgias bariátricas?
Sim, mulheres podem engravidar após as cirurgias bariátricas. Entretanto, é recomendável que a gravidez ocorra apenas um ano após a intervenção.
Vale esclarecer que esse período é necessário porque o corpo ainda está passando por adaptações e precisa de tempo para se recuperar plenamente e estar preparado para uma gestação saudável.
10. Quais são os riscos das cirurgias bariátricas?
As cirurgias bariátricas, como qualquer procedimento cirúrgico, envolvem certos riscos e complicações que precisam ser compreendidos pelos pacientes. Esse tipo de intervenção exige incisões e manipulação dos órgãos internos, o que pode causar complicações, como infecções, sangramentos e reações adversas à anestesia. Esses riscos são inerentes a procedimentos cirúrgicos e, por isso, é importante estar ciente da possibilidade de sua ocorrência.
Além disso, alguns problemas podem ocorrer no período pós-operatório, incluindo obstruções intestinais, vazamentos nas suturas e formação de coágulos sanguíneos. Para minimizar esses riscos, é crucial seguir as orientações médicas e monitorar qualquer sinal de complicação.
Ademais, após a cirurgia, o paciente pode enfrentar deficiências nutricionais devido à redução da ingestão de alimentos e à absorção limitada de nutrientes. Portanto, para prevenir essas deficiências, o acompanhamento médico contínuo e a suplementação nutricional adequada são indispensáveis.
11. Afinal, como funciona a recuperação da gastroplastia redutora?
A recuperação completa após a gastroplastia redutora pode variar de acordo com o paciente, levando de seis meses a um ano. Durante esse período, é essencial seguir rigorosamente as orientações médicas e adotar um novo estilo de vida para garantir o sucesso a longo prazo.
Vale lembrar que o êxito da cirurgia está diretamente relacionado ao comprometimento do paciente em mudar seus hábitos. Desse modo, seguir as recomendações é fundamental para aproveitar plenamente os benefícios do tratamento, que vão além da perda de peso. Entre os principais ganhos, estão: redução dos níveis de açúcar no sangue, controle do colesterol e melhorias na saúde mental e na autoestima.
Para que a recuperação seja tranquila e o peso perdido não seja recuperado, é essencial adotar uma dieta equilibrada, manter a prática regular de atividades físicas e realizar acompanhamento médico e psicológico contínuo.
12. Qual das cirurgias bariátricas é mais segura?
As cirurgias bariátricas oferecem diversas técnicas, e a escolha da mais segura depende do perfil de cada paciente. Durante muitos anos, o bypass gástrico foi a técnica mais utilizada, principalmente, devido ao seu excelente desfecho metabólico, ajudando a controlar glicemia, hemoglobina glicada e pressão arterial, além de promover uma perda de peso significativa.
Entretanto, o bypass apresenta algumas desvantagens, como mais tempo cirúrgico, maior risco de complicações e necessidade de anastomoses (conexão entre os intestinos), que pode aumentar o risco de morbimortalidade.
Com o avanço das técnicas, a gastrectomia vertical ou sleeve gástrico passou a ser amplamente adotada. Esse procedimento é mais simples e seguro, pois consiste em uma secção vertical do estômago, sem a necessidade de anastomoses. Isso reduziu o tempo de cirurgia e as complicações associadas, tornando-o o preferido mundialmente – exceto em regiões como a América Latina, onde o bypass ainda é bastante utilizado.
Em suma, cada técnica tem suas vantagens e desvantagens. O bypass gástrico proporciona maior perda de peso e melhores resultados metabólicos, mas envolve riscos mais elevados. O sleeve, por outro lado, tem menores taxas de complicações, embora possa piorar o refluxo gastroesofágico em alguns casos.
A escolha da técnica mais segura deve ser individualizada, considerando as características e as condições de saúde de cada pessoa. O médico e o paciente devem discutir os riscos e benefícios de cada procedimento, com o intuito de determinar qual é o mais adequado.
18. Quais são os cuidados com a alimentação após as cirurgias bariátricas?
Após as cirurgias bariátricas, o paciente precisa seguir uma dieta restritiva, com a introdução gradual de alimentos sólidos. Durante a fase inicial de recuperação, é essencial que o cardápio seja leve, evoluindo para uma alimentação nutritiva e equilibrada.
Vale destacar que isso é fundamental para evitar o reganho de peso, uma vez que a cirurgia não é uma solução definitiva para a obesidade, mas, sim, uma ferramenta que, associada à reeducação alimentar, pode levar a resultados duradouros.
14. O que comer antes e depois do procedimento?
Durante o período de internação, que geralmente dura de um a dois dias, a alimentação é líquida, composta por caldos ralos, chá e água, sempre em pequenas porções.
Após cerca de 15 dias, inicia-se a dieta pastosa, com alimentos apropriados, como purês, legumes amassados, caldo de feijão e creme de arroz.
Após um mês, alimentos sólidos são liberados, mas o paciente precisa controlar rigorosamente a quantidade destes, pois o tamanho do estômago reduz significativamente. A recomendação é aumentar o número de refeições diárias, mas com pequenas porções.
Nesse contexto, portanto, um nutricionista pode auxiliar na organização de um cardápio nutritivo e balanceado, ajustado às necessidades do paciente.
15. Como lidar com a flacidez depois de passar por uma das cirurgias bariátricas?
A perda significativa de peso pode causar flacidez, uma preocupação comum entre os pacientes que se submeteram às cirurgias bariátricas. A pele perde, então, parte de sua elasticidade, resultando em áreas flácidas que podem afetar a autoestima e até desencadear problemas, como infecções, dermatites e questões de postura.
No entanto, nem todos desenvolvem excesso de pele, já que alguns fatores, como idade, genética e prática de atividade física regular antes da cirurgia, influenciam a elasticidade do órgão.
16. Quais os tratamentos para o excesso de pele?
Se houver excesso de pele após a gastroplastia redutora, podem-se adotar algumas medidas, visando atenuar o problema. Nesse sentido, adotar hábitos saudáveis, como exercícios físicos e uma boa alimentação, pode ajudar a melhorar o tônus da pele.
Já em casos mais graves, a cirurgia plástica para a remoção de excesso de pele pode ser a solução. Todavia, só se deve realizar esse procedimento após a estabilização do peso, o que costuma levar até dois anos. Enquanto isso, é importante discutir as opções com o médico e seguir suas recomendações.
17. O que comprar para se preparar para as cirurgias bariátricas?
Preparar-se adequadamente para as cirurgias bariátricas pode auxiliar na redução da ansiedade, além de facilitar a recuperação. Entre os itens recomendados, estão:
- Meias antitrombo: essenciais para estimular a circulação sanguínea durante o repouso e prevenir a formação de coágulos.
- Travesseiros e almofadas confortáveis: ajudam a manter uma postura correta na cama e tornam o repouso mais confortável.
- Alimentos de diferentes texturas: é importante ter em casa alimentos saudáveis que se adequem às diferentes fases da dieta pós-operatória (líquida, pastosa e sólida).
- Suplementos: o médico pode indicar suplementos alimentares que precisam ser tomados durante a recuperação. É importante consultar o profissional e providenciar esses itens com antecedência.
Seguir essas orientações é crucial para garantir uma recuperação tranquila e o sucesso da gastroplastia redutora, conhecida popularmente como cirurgia de redução de estômago.