A fase pós-bariátrica envolve aspectos alimentares, psicológicos e nutricionais para a garantia de uma boa recuperação e perda de peso adequada. Para que você possa compreender melhor como funciona esse período do pós-operatório, veja as informações a seguir.
Como funciona a fase pós-bariátrica?
Durante a fase pós-bariátrica o paciente precisa seguir algumas medidas a curto e longo prazo, tanto para a readaptação do seu organismo quanto para a manutenção do processo de perda de peso proporcionado pela cirurgia bariátrica. O organismo continua necessitando de nutrientes, por isso continuar garantindo esses nutrientes com o suporte nutricional é indispensável.
Conheça melhor todos esses aspectos e compreenda como funciona o pós-operatório.
Pós-operatório imediato
No pós-operatório imediato o paciente já chega ao quarto de internação do hospital com certa autonomia, podendo sentar, levantar e ir ao banheiro. A ingestão de líquidos pode ocorrer entre as primeiras 12 a 24 horas. As dores decorrentes da redução de estômago precisam melhorar com a medicação oferecida.
Alimentação pós-bariátrica
O paciente precisa seguir de forma extremamente rigorosa as orientações feitas pela nutricionista sobre a alimentação pós-bariátrica. Geralmente, recomenda-se a ingestão de 2 litros de líquido em 24 horas durante os primeiros dias de pós-operatório. Essa medida visa evitar uma série de complicações, como cálculos renais, desidratação e até a trombose. Depois disso, os próximos dias serão voltados para a recuperação do organismo, adotando uma dieta líquida e pausada para evitar que haja uma força excessiva sobre as linhas de sutura.
O paciente passa, então, a ingerir seu alimento em pequenos volumes a fim de que o seu organismo possa se adaptar às novas condições, buscando garantir o repouso gástrico e manter o corpo hidratado. Recomenda-se para essa fase o consumo de água, água de coco, caldos de verduras ou de carne e sucos que não sejam ácidos.
Após a dieta líquida, inicia-se, então, a dieta pastosa, a dieta branda e, só depois, a alimentação de forma geral, sendo que a orientação dada aos pacientes em todas as fases é que sempre optem por alimentos nutritivos e saudáveis.
A evolução na dieta ocorre de acordo com a adaptação e o organismo de cada paciente. Os profissionais avaliam se há a ocorrência de dores, náuseas e vômitos, buscando garantir que o paciente receba a alimentação adequada conforme o seu quadro atual.
Devido à diminuição da capacidade gástrica, os pacientes devem fracionar suas refeições, quando já estiver alimentando-se normalmente. O ideal é que a pessoa consuma, em média, três refeições e até dois lanches por dia. A dieta também precisa incluir cerca de 80 a 100g de proteína para a prevenção de deficiência.
Sinais de alerta durante a fase pós-bariátrica
Alguns sinais de alerta durante a fase pós-bariátrica merecem a atenção do paciente nos primeiros dias após a realização da cirurgia. Entre os principais motivos de alerta, estão:
- Dores que não apresentam sinais de melhora após a administração de medicamentos simples, como o paracetamol;
- Febre acima de 38 graus;
- Vômitos persistentes;
- Estado alterado de comportamento, como confusão mental e apatia, por exemplo.
É preciso estar atento também à presença de edemas de membros inferiores, principalmente nos casos em que os inchaços não forem simétricos. Caso alguma complicação seja notada, o paciente precisa entrar em contato com seu médico em caráter de urgência.
Já na presença de dores, além de notificar seu médico, você deve procurar imediatamente uma emergência. O importante é não esquecer de avisar seu médico, pois ele é quem sabe qual foi o tipo de cirurgia realizada e o que foi feito na sua operação.
Reposição de vitaminas
É comum que todos os pacientes necessitem fazer a reposição de vitaminas após a realização da cirurgia bariátrica. Quando o paciente completa entre 3 e 4 semanas após a cirurgia, a dieta mais pastosa é iniciada, dando início também à reposição vitamínica. Essas vitaminas geralmente são um complexo, contendo ferro, ácido fólico, tiamina e complexo B. No caso de pacientes mulheres, devem ser adicionados o cálcio elementar e a vitamina D, independente do tipo de procedimento cirúrgico.
Os pacientes que não seguem a suplementação adequada estão sujeitos ao desenvolvimento de deficiências vitamínicas, podendo surgir mesmo após anos da realização do procedimento cirúrgico. As razões para algumas dessas deficiências podem ser relacionadas à anatomia que foi alterada pelo procedimento, redução da ingestão de nutrientes e à rápida perda de peso. Por esse motivo, todos os pacientes que foram submetidos à redução de estômago devem realizar a suplementação durante toda a vida.
Atividades físicas na fase pós-bariátrica
A prática leve de atividades físicas na fase pós-bariátrica inicia-se ainda no hospital. Após a realização do procedimento cirúrgico não é recomendado que o paciente mantenha repouso total. Portanto, o indicado é que ele permaneça na poltrona ao invés da cama, realizando pequenas caminhadas de maneira progressiva, contando com orientação e supervisão da equipe. Quando o paciente segue esse cuidado, podem ser evitados problemas respiratórios, além de contribuir para o corpo se adequar a sua nova condição.
Acompanhamento psicológico
O acompanhamento psicológico é importante para os pacientes, principalmente após a realização da cirurgia bariátrica. A cirurgia é responsável por promover uma grande mudança na vida do paciente, como a perda rápida de peso, a modificação do corpo, entre tantos outros aspectos que são capazes de abalar o seu estado emocional. Esse suporte psicológico contribui para que o paciente se sinta capaz de enfrentar possíveis dificuldades e inseguranças que esteja sentindo ou que possam vir a sentir.
É oferecido também o suporte para o enfrentamento de ansiedade, compulsões alimentares, depressão ou qualquer outro quadro que venha a ser manifestado ou que exista grandes chances de acontecer.
Consultas médicas
É necessário que sejam realizadas consultas médicas na fase pós-bariátrica, contando com avaliações regulares da equipe multidisciplinar. As consultas médicas devem incluir:
- Avaliação da tendência de ganho de peso;
- Nível de atividade física;
- Avaliação do consumo de vitaminas e minerais;
- Presença e controle de comorbidades (hipertensão, diabetes, doenças reumatológicas, apneia do sono, dentre outras);
- Avaliar possíveis complicações decorrentes da cirurgia bariátrica.
É importante salientar que a base para a manutenção do novo peso precisa ser o aconselhamento para a mudança de vida.
Quais os benefícios da fisioterapia pós-bariátrica?
A fisioterapia pós-bariátrica é fundamental para ajudar em uma recuperação completa e mais rápida do paciente. As sessões também previnem diversos tipos de complicações que podem ocorrer nesse tipo de cirurgia.
A seguir, destacamos os principais benefícios.
Reduz o risco de complicações respiratórias
As complicações respiratórias que podem surgir após uma cirurgia bariátrica são diversas, como infecções, piora nos quadros de bronquite e asma e redução da força dos músculos responsáveis pela respiração. Sendo assim, a fisioterapia vai permitir uma melhor expansão pulmonar, mais oxigenação e ganho de força muscular.
Além do mais, quando feita adequadamente no período pré-operatório, a fisioterapia reduz o tempo de internação após o procedimento.
Previne tromboses e embolias
Pessoas obesas possuem uma circulação mais lenta. Então, durante a internação e os primeiros dias após a bariátrica, conhecida popularmente como cirurgia de redução de estômago, em razão da pouca movimentação corporal, pode haver o desenvolvimento de quadros de tromboses e embolias.
O fisioterapeuta deve auxiliar na avaliação dos membros inferiores, além de repassar os exercícios corretos e orientar o paciente sobre as melhores condutas preventivas para esses problemas.
Evita distúrbios osteomusculares
Antes mesmo da cirurgia, a fisioterapia é importante para corrigir e prevenir problemas osteomusculares. Embora a própria bariátrica seja fundamental para amenizar as dores e lesões, é por meio da fisioterapia que o paciente irá reabilitar a sua postura e o alinhamento dos eixos.
Prepara a musculatura para o dia a dia
Após a bariátrica, pode ocorrer perda de massa muscular, causando flacidez, fraqueza, alterações da postura e dor. Desse modo, as sessões fisioterápicas contribuem para a melhora dos quadros de fraqueza e fadiga muscular, fazendo com que o paciente tenha força suficiente para retomar as suas atividades diárias e praticar exercícios físicos.
Recupera a estética na pós-bariátrica
O tratamento fisioterapêutico dermatofuncional coopera para a recuperação da pele na pós-bariátrica. O paciente é submetido a técnicas para promover melhorias na cútis e combater estrias, celulites, gordura localizada e flacidez.
A fisioterapia ainda é primordial para o paciente pós-bariátrico conseguir retirar o excesso de pele, por meio do procedimento plástico chamado de dermolipectomia. Nesse sentido, as sessões previnem complicações e melhoram a qualidade e o aspecto do tecido em geral.
Fortalece o assoalho pélvico
A obesidade provoca problemas na musculatura do assoalho pélvico, que é responsável por sustentar os órgãos da região da pelve, como bexiga, reto e útero, dentre outros. Quando o assoalho pélvico perde a força, um dos problemas que pode surgir é a incontinência urinária e fecal. Sendo assim, a fisioterapia pode ajudar a fortalecer essa musculatura, devolvendo as suas características e funções normais.
Portanto, é essencial que o paciente seja acompanhado por um fisioterapeuta antes e depois do procedimento, para que ele não se exponha aos riscos citados acima e se recupere o mais breve possível.
É permitido consumir bebida alcoólica na pós-bariátrica?
Tomar bebida alcoólica na pós-bariátrica é uma conduta que deve ser evitada a todo custo. Isso porque as alterações que acontecem no corpo após esse procedimento fazem com que o organismo passe a processar o álcool de forma mais célere, podendo gerar vários desconfortos e complicações. Confira abaixo:
● Acelera a embriaguez.
● Afeta de forma mais severa alguns órgãos do corpo, como fígado, pâncreas e cérebro.
● Prejudica as mucosas do estômago e do intestino, além de dificultar a absorção de alguns nutrientes que são muito importantes nessa fase de recuperação.
De forma geral, o consumo de bebida alcoólica não é recomendado até 6 meses depois da bariátrica, mas o tempo exato de restrição vai depender da avaliação do médico e das condições de saúde do paciente.
Essa questão causa muita preocupação. Prova disso é uma pesquisa realizada pelo Centro Médico da Universidade de Pittsburgh (EUA) com mais de dois mil pacientes, publicada no Journal of the American Medical Association, que chegou à alarmante conclusão de que pessoas submetidas ao procedimento bariátrico têm mais chances de desenvolver dependência alcoólica.
Além disso, é relativamente comum que os pacientes adotem essa prática após o procedimento. Dentre as principais causas da adesão a esse hábito, podemos citar:
● O paciente possui a falsa sensação de que está liberado para beber mais em razão da perda de peso, ignorando as orientações médicas e a restrição calórica.
● Após a bariátrica, a pessoa sente maior confiança e recupera a autoestima, o que a faz participar de mais eventos sociais, onde a bebida alcoólica está geralmente presente.
● Manutenção de vício preexistente.
Pode fumar após a bariátrica?
Assim como o consumo de bebida alcoólica, fumar não é aconselhável na pós-bariátrica. É importante alertar que esse hábito tem potencial para desencadear complicações severas, tais como:
● Dificuldade de cicatrização da pele em virtude da nicotina, o que pode levar a infecções.
● Se o tabagismo resultar em tosse, isso pode forçar o corte, evitando a cicatrização perfeita e podendo evoluir para uma hérnia.
● O fumo também aumenta a probabilidade de ter gripe e outras condições respiratórias, como a pneumonia.
● Há chances de compulsão após a bariátrica, em que a pessoa retorna aos hábitos de fumar, muitas das vezes, consumindo mais cigarros do que era acostumada. Isso maximiza o risco de desenvolvimento de doenças associadas ao tabagismo.
Em quanto tempo o paciente retorna às atividades normais na pós-bariátrica?
Na pós-bariátrica, a recuperação do paciente para retornar às suas atividades cotidianas está intimamente ligada à forma de cirurgia realizada, que pode ser aberta, laparoscópica ou robótica. Nestas duas últimas abordagens, o pós-operatório é muito mais rápido e tranquilo.
Outro ponto a ser avaliado é o tipo de técnica empregado, sendo que o mais recorrente, atualmente, é o bypass gástrico, usado em 75% das gastroplastias no Brasil. Por outro lado, o sleeve gástrico também está ganhando força.
É importante avaliar o paciente individualmente, já que cada um vai reagir de uma forma diferente, causando variações no tempo de recuperação.
Levando-se em conta esses fatores, podemos traçar uma média de tempo, para que o paciente volte às suas principais atividades:
● Dirigir: 7 a 15 dias, no caso do procedimento laparoscópico; e de 30 a 45 dias, na bariátrica aberta.
● Trabalhar: em funções que não exigem muito esforço físico, o paciente pode retomar as atividades laborais em 15 dias, se a bariátrica tiver sido laparoscópica ou robótica. O prazo para retornar ao trabalho após a cirurgia aberta pode variar de 30 a 60 dias.
● Ter relações sexuais: 30 dias após a laparoscópica; e até 60 dias depois da aberta.
● Fazer academia: 30 a 40 dias após o procedimento por vídeo; e 60 a 90 dias em situação de cirurgia aberta.
Contudo, é fundamental ressaltar que são prazos estimados. O retorno a qualquer atividade deve ser feito sob liberação médica.
Quanto tempo é necessário esperar para engravidar depois da bariátrica?
Na pós-bariátrica, é recomendável que uma mulher aguarde pelo menos 15 meses para tentar engravidar. Ao concluir esse período, um médico especialista deve ser consultado, para avaliar a situação.
