Já sentiu dor e queimação no peito depois das refeições? Talvez esteja na hora de visitar um médico, porque esses são sinais de refluxo gastroesofágico. Essa doença é um problema bastante comum, que pode causar uma série de complicações gástricas. Conheça as possíveis causas e sintomas para aprender as melhores maneiras de prevenção, além dos possíveis tratamentos.
O que é refluxo gastroesofágico?
Quando nos alimentamos o alimento desce pelo tubo digestivo, passando pelo esôfago e seguindo para o estômago. Para impedir que o alimento e o suco gástrico usado na digestão retornem pelo tubo, causando refluxo, existe um anel de fibras musculares chamado de esfíncter esofágico. Basicamente, ele relaxa para permitir a passagem do alimento e permanece contraído o restante do tempo.
Quando ele está relaxado ou não tem uma ativação correta, o esfíncter permite que os conteúdos do estômago retornem para o esôfago. Só existe um pequeno problema nisso: ao contrário do estômago, que possui paredes preparadas para lidar com o ácido clorídrico, o esôfago sofre com os danos dessa acidez e fica irritado e inflamado. Assim, surge o quadro do refluxo gastroesofágico.
Existem diversas causas para o problema, como a hérnia de hiato. Em casos de hérnia o estômago passa acima do diafragma, prejudicando a função esfincteriana. Também é possível que hábitos, como o fumo, estejam entre os causadores. Alguns dos componentes do cigarro causam o relaxamento das fibras musculares do esfíncter. A obesidade e a gravidez são mais dois fatores que aumentam as chances de desenvolver o problema.
A obesidade aumenta a pressão intra-abdominal que existe no corpo. Como resultado, os órgãos também sofrem maior pressão, incluindo o estômago. Portanto, os conteúdos desse órgão têm maior probabilidade de retornar ao esôfago. Estudos mostram que existe maior prevalência de refluxo gastroesofágico em pacientes obesos ou com sobrepeso.
Outros fatores de risco importantes para o refluxo gastroesofágico
Acima citamos algumas das causas e fatores de risco para o desenvolvimento do refluxo gastroesofágico. Contudo, ainda há outros sinais de alerta aos quais devemos ficar atentos:
- Diabetes: essa doença provoca uma condição chamada de gastroparesia, em que os músculos estomacais deixam de funcionar corretamente, o que faz com que o estômago demore a se esvaziar. A presença dos alimentos no estômago por um tempo excessivo causa diversos problemas, entre eles o refluxo gástrico;
- Doenças alérgicas;
- Ingestão excessiva de alimentos;
- Ingerir alimentos gordurosos;
- Consumir bebidas alcoólicas ou cafeína.
Além disso, há ainda outros comportamentos e condições que também contribuem para o refluxo gastroesofágico e merecem a atenção dos pacientes:
- Quando há uma pressão reduzida no esfíncter esofagiano inferior;
- Quaisquer condições que contribuam para uma menor produção de saliva ou redução das contrações esofágicas;
- Dieta rica em alimentos que relaxam o esfíncter esofágico inferior;
- Pessoas com idade igual ou maior a 50 anos estão no grupo de risco para esta doença;
- Consumo de cigarro;
- Uso de medicamentos sem prescrição médica, como os anti-inflamatórios;
- Situações constantes de estresse e cansaço também contribuem para o problema.
Sintomas
Pacientes com a doença sofrem com os resultados da inflamação do esôfago pela ação dos ácidos estomacais. Entre os possíveis sintomas podemos destacar:
- Azia;
- Dor no peito;
- Dificuldade para engolir;
- Tosse seca;
- Rouquidão;
- Regurgitação;
- Náusea após a regurgitação;
- Sensação de bolo na garganta. Uma condição conhecida como globus faríngeo;
- Dores na garganta;
- Apneia do sono;
- Alterações nos dentes;
- Sensação de que há um peso no estômago;
- Arrotos frequentes;
- Laringite;
- Problemas para fazer a digestão.
A maioria dos sintomas percebe-se minutos ou horas após se alimentar, e eles podem se agravar caso o paciente se abaixe ou se deite logo após uma refeição.
Também há outros sinais da doença, que muitas vezes são difíceis de serem relacionadas ao refluxo, por exemplo:
- Rinite;
- Sinusite;
- Otite;
- Asma;
- Gengivite;
- Dor ao engolir;
- Mau hálito;
- Dor de ouvido;
- Pigarro;
- Arroto.
Quando procurar um médico?
Quando os sintomas do refluxo são persistentes e motivo de desconfortos constantes, convém procurar o gastroenterologista para avaliar o caso. Quanto mais se fizer cedo o diagnóstico e início do tratamento, mais rápido o paciente vai se ver livre dos sintomas e evitar complicações.
Como é feito o diagnóstico do refluxo gastroesofágico?
Pode-se diagnosticar o refluxo gastroesofágico com um simples exame físico. Pois a presença de vários sintomas típicos ajuda o médico a confirmar tal condição.
Mas há casos em que devem-se solicitar exames adicionais, por exemplo, se não houver indícios suficientes para confirmação do diagnóstico, ou quando o paciente não reage ao tratamento e os sintomas persistem por um período considerável. São três abordagens possíveis:
- Endoscopia com biópsia;
- pHmetria esofágica;
- Manometria, em alguns casos.
Com a endoscopia é possível avaliar a condição do esôfago por meio de um tubo fino com uma câmera na extremidade e que é introduzido pela boca do paciente. É usada uma sedação leve e o médico consegue visualizar as imagens em um pequeno monitor.
Durante o exame, o endoscopista pode retirar uma parte do tecido esofágico para realização de uma biópsia.
Porém, se os resultados não forem conclusivos, é realizado o exame de phmetria esofágica, em que um tubo é introduzido pelo nariz do paciente até a parte inferior do esôfago. Na extremidade do equipamento há um sensor que transmite informações para um pequeno monitor levado pelo paciente.
O objetivo é medir a acidez do local por 24 horas e também determinar o nível de refluxo. Esse exame é muito indicado para os casos em que está sendo considerado um procedimento cirúrgico para correção do problema.
Para confirmar se a cirurgia é a melhor escolha é realizada uma manometria, que fornece detalhes sobre o funcionamento e a força muscular da região.
Tratamentos
O tratamento pode ser feito de maneira conservadora, de acordo com a causa da doença. Na maioria dos casos, ele consiste em realizar alterações de estilo de vida e controlar os sintomas. O paciente precisa controlar sua dieta, diminuindo a ingestão de gorduras e outros tipos de alimentos podem irritar o estômago.
Também é possível utilizar antiácidos para controlar a azia e outros desconfortos. Indivíduos obesos ou com sobrepeso conseguem bastante alívio nos sintomas da doença através do controle do peso e da prática de atividades físicas regulares. É claro que tudo precisa ser supervisionado e autorizado pelo médico.
Medicamentos para refluxo gastroesofágico
O uso de medicamentos é a forma mais comum de tratar o refluxo gastroesofágico. Há vários disponíveis e a indicação requer avaliação médica:
Inibidores de produção de ácido
São os medicamentos mais comuns nesse caso, pois diminuem a acidez do estômago e permitem que as mucosas prejudicadas se recuperem. O tratamento pode durar semanas e há chances de surgirem alguns efeitos colaterais, como diarreia ou prisão de ventre. Os Inibidores são divididos em 2 grandes grupos:
- Inibidores de bombas de prótons: inclui medicações, como omeprazol, esomeprazol, pantoprazol ou lansoprazol, que são as mais usadas para esse tipo de problema. Como o nome sugere, esse tipo de medicação inibe proteínas presentes no estômago, conhecidas como bombas de prótons. Assim a acidez diminui, dando tempo para que órgãos prejudicados, como o estômago e o esôfago, recuperem-se;
- Antagonistas dos receptores da histamina: inclui medicamentos, como cimetidina, nizatidina ou famotidina. Eles se ligam a algumas proteínas da parede estomacal, fazendo com que a histamina não seja ativada. Consequentemente, a produção de ácido diminui, com um alívio dos sintomas por até 12 horas. Mas, se não houver uma melhora em até 6 semanas, o médico deverá ser novamente consultado.
Antiácidos
Medicamentos desse tipo não tratam o problema, porém diminuem o desconforto de forma temporária ao neutralizar a acidez do estômago. É preciso ser cuidadoso com o seu uso excessivo, já que o organismo, ao perceber a falta de acidez, pode começar a produzir ácido em quantidades ainda maiores e piorar os sintomas.
Como exemplos de antiácidos podemos citar o hidróxido de alumínio, hidróxido de magnésio, carbonato de cálcio e bicarbonato de sódio. O uso desses medicamentos não deve ultrapassar 2 semanas e seus efeitos colaterais incluem diarréias e até problemas renais.
Aceleradores de esvaziamento estomacal
Como o nome sugere, esses remédios aumentam a movimentação de partes do sistema digestivo, fazendo com que o alimento fique menos tempo no estômago, o que diminui o refluxo.
É muito importante que essa medicação não seja usada sem a devida orientação, já que ela é contraindicada para pacientes com obstrução ou perfuração estomacal ou intestinal e quando há risco de hemorragia.
Além disso, seu uso pode trazer diversos efeitos colaterais, como diminuição da pressão arterial, arritmia cardíaca e nervosismo.
Protetores gástricos para o tratamento do refluxo gastroesofágico
No tratamento do refluxo gastroesofágico esses medicamentos são usados para proteger a mucosa do estômago e esôfago e diminuir os sintomas. Nunca devem ser ingeridos sem prescrição médica, pois sua indicação vai variar de caso para caso.
Os pacientes que fazem uso dos protetores gástricos podem apresentar tontura, dor de cabeça, náuseas e outros efeitos colaterais.
Tratamento por meio de mudanças comportamentais
O paciente deve tomar algumas atitudes para aliviar os sintomas, como:
- Evitar alimentos que causam crises;
- Praticar atividades físicas;
- Perder peso;
- Há dados científicos que comprovam que elevar a cabeceira da cama por volta de 15 centímetros ajuda a reduzir os sintomas da doença.
Cirurgia
O tratamento cirúrgico é indicado quando o paciente desenvolve complicações mais graves, como úlceras e esofagite. Também pode ser realizada quando o tratamento por medicamentos não é efetivo, ou até em pacientes que não aceitam a ideia de tomar a medicação por muito tempo.
O principal procedimento cirúrgico para tratar o refluxo gastroesofágico é chamado de fundoplicação de Nissen. Ele é minimamente invasivo, realizado pelo cirurgião do aparelho digestivo por laparoscopia e forma um bloqueio antirrefluxo.
Independentemente do tipo de tratamento, é indispensável que o paciente siga todas as recomendações do especialista até o fim do processo.
Outros detalhes importantes sobre a cirurgia para refluxo gastroesofágico
A cirurgia para refluxo gastroesofágico é considerada como uma última opção, quando há complicações graves e o paciente não melhorou com as mudanças no estilo de vida e o uso de medicamentos.
A intervenção cirúrgica é bastante incomum nos casos de refluxo porque de 10% a 20% dos pacientes apresentam dificuldades para engolir ou arrotar após a intervenção, o que pode representar um problema ainda mais incômodo e difícil de tratar.
Casos refratários
O tratamento de refluxo pode resultar em alguns casos refratários, em que o paciente simplesmente não responde de maneira adequada ao tratamento. De acordo com um estudo publicado na revista médica Arquivos de Gastroenterologia, as causas para esta situação são diversas, como:
- Presença de outras doenças;
- Falha no diagnóstico;
- Consumo de medicamentos em dosagens inadequadas;
- Dificuldades do paciente em seguir o tratamento corretamente.
Mesmo quando se identifica um caso refratário, não se deve indicar a cirurgia imediatamente. Na verdade, deve-se fazer uma nova avaliação do quadro. Isso costuma resultar em descobertas interessantes relacionadas à alimentação do paciente, pois o refluxo pode se desenvolver, por exemplo, devido à intolerância à lactose ou ao consumo de alimentos muito fermentativos.
Nessas situações pode não haver sinais de acidez, sendo o motivo pelo qual o paciente não responde aos medicamentos que bloqueiam este tipo de sintoma. Então, é necessário fazer alterações na dieta.
Como a alimentação interfere na vida de quem sofre de refluxo gastroesofágico
Uma alimentação desbalanceada é sempre prejudicial, ainda mais quando o paciente sofre de refluxo gastroesofágico. Pois existem alimentos que são de difícil digestão e irritam o estômago, o que tende a agravar os sintomas da doença.
Doces, frutas cítricas e gorduras podem piorar os sintomas de forma imediata, além de contribuírem para o ganho de peso, que é outro fator que costuma influenciar na manutenção dos desconfortos.
Por isso, a mudança de hábitos alimentares é uma das principais recomendações médicas para tratar a enfermidade. Entretanto, para ter um melhor resultado é fundamental que o paciente visite um nutricionista, para que sua dieta não apenas reduza os sinais da enfermidade, mas também tenha todos os nutrientes necessários.
Dieta para quem tem refluxo
A dieta para quem sofre de refluxo deve priorizar alimentos mais saudáveis, como vegetais, frutas, ovos, carnes magras, arroz e macarrão integrais, leguminosas e cereais integrais.
Também é importante que, durante o preparo, a pessoa dê preferência para temperos naturais e cozinhe suas refeições na grelha ou no vapor. Isso porque a adição de elementos condimentados e frituras pode atrapalhar os efeitos benéficos desses alimentos.
Dito isso, veja o que é aconselhável inserir em seu cardápio:
- Frutas e vegetais frescos de diversos tipos, como alface, brócolis, rúcula, melancia, manga, uva, goiaba, maçã e outros. Porém, cuidado com as frutas cítricas, pois elas devem ser evitadas.
- Deve-se inserir na dieta chás de gengibre e camomila, pois auxiliam na digestão.
- Podem-se usar gorduras mais saudáveis em pequenas quantidades, como o azeite de oliva.
- Proteínas magras, como frango sem pele, peixes brancos e ovos. Já quem gosta de carnes vermelhas deve escolher partes com pouca gordura e retirar os excessos visíveis antes do consumo.
- Laticínios e derivados desnatados, como requeijão baixo em gordura, ricota e queijos brancos.
E alimentos com fibras, é bom comer?
Outra dúvida comum é quanto ao consumo de fibras. Quem sofre de refluxo gastroesofágico pode consumi-las, contudo, isso vai depender do estágio em que a doença se encontra.
Quando os sintomas do refluxo estão ativos, é melhor que a alimentação seja pobre em fibras, para que os alimentos permaneçam no estômago por menos tempo. Nessa fase, o paciente pode consumir bolachas de água e sal, vegetais cozidos sem cascas e sementes, frutas, pão, macarrão e gelatina.
No entanto, se o indivíduo não estiver apresentando sintomas, ele pode incluir mais fibras em sua alimentação, ao consumir arroz e macarrão integrais, grão de bico, feijão, linhaça, amendoim, castanha de caju e frutos secos, como nozes e avelãs. Sementes de chia, gergelim e abóbora também são uma boa opção.
Por fim, é importante que a pessoa desenvolva um diário alimentar, onde tenha o hábito de registrar todas as suas refeições. Assim, é possível identificar qualquer alimento que desencadeia os desconfortos e informar ao nutricionista. Pois cada organismo apresenta suas particularidades e pode reagir de forma diferente a um determinado produto.
Quais os benefícios de uma boa alimentação?
A dieta adequada traz como principal benefício a redução dos sintomas. Isso acontece porque os alimentos ficam no estômago por menor intervalo de tempo, o que cria menos oportunidades para que os episódios de refluxo aconteçam.
Além disso, os alimentos corretos fazem com que menos ácido estomacal seja produzido, o que diminui a irritação nas paredes do órgão.
Alimentos que devem ser evitados por quem apresenta refluxo gastroesofágico
Além de aderir a uma dieta saudável, os pacientes com refluxo gastroesofágico precisam ficar atentos a alguns alimentos que devem ser evitados a todo custo. São eles:
- Produtos embutidos, como salsichas, salame, presunto, mortadela e bacon.
- Óleos e qualquer tipo de fritura, incluindo manteiga, batata frita, banha e atum no óleo.
- Hortelã e qualquer produto que tenha essa planta como base.
- Deve-se evitar temperos prontos e picantes, incluindo caldo de carne ou frango.
- Bebidas gaseificadas, como água com gás e refrigerantes.
- Bebidas alcoólicas, especialmente, as fermentadas, como cerveja e vinho.
- A cafeína também deve ser evitada. Além do café, ela está presente em chocolates, energéticos, bebidas de cola e chás preto, verde e mate.
- Ketchup, maionese e outros molhos.
- Produtos que são vendidos congelados ou pré-cozidos, como pizzas, nuggets, lasanhas e carnes de hambúrgueres.
- Laticínios contendo mais de 1% de gordura, como leite, iogurtes integrais e queijos amarelos.
Também é essencial ressaltar que algumas pessoas podem apresentar desconfortos ao consumirem alho e cebola ou frutas com alto teor de gordura, como o abacate e o coco. Então, mesmo que alguns alimentos sejam benéficos de forma geral, o paciente deve observar como o seu organismo irá reagir a eles.
Comportamentos alimentares que minimizam os sintomas do refluxo gastroesofágico
Agora, você já sabe o que um paciente com refluxo gastroesofágico deve consumir e o que evitar, mas também existem alguns comportamentos a serem introduzidos na alimentação que ajudam a minimizar os sintomas. São eles:
- Dividir a alimentação em várias refeições pequenas, a cada 2 ou 3 horas.
- Não ingerir líquidos durante as refeições.
- Não se exercitar logo após se alimentar.
- Separar um tempo adequado e um local tranquilo para as refeições, para que seja possível mastigar lentamente e evitar se apressar, visando cumprir outras tarefas.
- Ao se alimentar à noite, aguarde de 3 a 4 horas para se deitar.
- Use roupas que não apertem a região abdominal, pois uma menor pressão no local reduz as chances de refluxo.
- O paciente que está acima do peso sempre deve seguir uma dieta passada por um nutricionista. Assim, além de reduzir os sintomas da doença, ele irá perder peso.
- Dormir com a parte superior do corpo elevada em um ângulo de 45 graus. Para isso, é possível usar almofadas ou até mesmo levantar a cabeceira da cama. Essa posição diminui a probabilidade de que algum conteúdo do estômago escape para o esôfago.
Além dos cuidados com a alimentação, o paciente deve parar de fumar e evitar situações que aumentem o nível de estresse.
Também é importante lembrar que os pacientes obesos que se submetem à cirurgia bariátrica bypass têm como um dos benefícios a redução dos sintomas de refluxo.
5 hábitos que podem minimizar o refluxo gastroesofágico
Um estudo conduzido pela Universidade Harvard, localizada nos Estados Unidos, revela uma associação significativa entre a adoção de cinco hábitos saudáveis e uma redução expressiva de 37% na incidência de sintomas de refluxo gastroesofágico em mulheres.
Vale lembrar que essa condição, que afeta entre 12% e 20% da população brasileira, manifesta-se por alguns sintomas, como azia, queimação torácica, tosse e regurgitação.
Agora, confira os cinco hábitos benéficos mostrados pela pesquisa:
1. Manter um peso corporal saudável.
2. Abster-se do consumo de tabaco.
3. Engajar-se em, pelo menos, 30 minutos diários de atividade física moderada ou vigorosa.
4. Limitar o consumo diário de refrigerantes, chás ou cafés a dois copos.
5. Adotar uma alimentação saudável e balanceada.
Segundo os gastroenterologistas envolvidos na pesquisa, seguir essas diretrizes contribui para evitar as consequências adversas frequentes e debilitantes associadas ao problema gastrointestinal, resultando em uma redução na dependência de medicamentos. Vale destacar ainda que o custo do tratamento e os efeitos colaterais da doença são consideráveis.
De acordo com o estudo, o impacto do exercício físico em relação à remissão do problema é notável. A prática da atividade física pode auxiliar na eliminação do ácido gástrico, responsável pelos sintomas de azia. A pesquisa é pioneira ao demonstrar sua eficácia no controle do refluxo gastroesofágico.
Metodologia da pesquisa
Quanto à metodologia do estudo, os cientistas utilizaram dados do The Nurses’ Health Study II, um levantamento em andamento desde 1989, feito com 116.671 mulheres, que fornecem informações periódicas sobre sua saúde. Nesse estudo específico sobre a doença gastrointestinal, analisaram-se respostas de 42.955 mulheres entre 42 e 62 anos de idade, correlacionando a frequência dos sintomas com os cinco hábitos mencionados.
Para aumentar a confiabilidade das conclusões, consideram-se fatores que poderiam influenciar os resultados, como o uso de medicamentos para a doença e histórico de diabetes.
Apesar de não abordar diretamente o motivo pelo qual esses hábitos saudáveis interferem nos sintomas da doença, os autores da pesquisa sugerem que eles podem beneficiar estruturas, como o esfíncter gastroesofágico, impedindo o refluxo dos ácidos estomacais para o esôfago.
Atividade física e refluxo gastroesofágico
A atividade física pode desencadear os sintomas em quem sofre de refluxo gastroesofágico, por isso, esse assunto precisa ser tratado com muita cautela. De forma geral, ainda não há certeza de como os exercícios físicos se relacionam com o refluxo. Todavia, algumas pesquisas apontam que três coisas podem contribuir para o surgimento dos desconfortos:
- Aumento da pressão abdominal durante determinados exercícios.
- Mudanças endocrinometabólicas.
- Problemas de movimento no sistema digestivo devido à diminuição do fluxo de sangue no intestino.
Além do mais, há pesquisas que apontam para o agravamento do problema em atletas em virtude das mudanças na secreção hormonal, alterações motoras no esôfago e ventrículo e a posição adotada durante o exercício. De maneira geral, atividades físicas bastante intensas, mesmo que não estejam focadas na região abdominal, podem contribuir para os sintomas.
Entretanto, isso não significa que uma pessoa que sofre de refluxo gastroesofágico precisa abandonar a prática esportiva. Pois, como sabemos, exercitar-se é fundamental para a manutenção da saúde. Então, o desafio é encontrar atividades que não agravam o problema.
Embora o exercício físico moderado não trate o refluxo em si, ele é indispensável para ajudar no combate de algumas de suas causas, como a obesidade e a má digestão. Sobretudo, alguns exercícios fortalecem a musculatura estomacal, o que é importante para prevenir doenças no aparelho digestivo.
Quais exercícios físicos são recomendados?
Para chegar a uma rotina de exercícios equilibrada, o paciente deve buscar orientação médica e monitorar os sintomas durante o treino. Caso sinta desconfortos, os profissionais competentes podem sugerir alterações na intensidade ou até mesmo propor novos exercícios. O mais importante é manter-se em movimento de uma forma que não piore os sintomas.
Normalmente, são indicados exercícios, como:
- Natação.
- Spinning.
- Caminhada.
Para ter uma orientação em todos os momentos, o paciente também pode matricular-se em uma academia.
Quais atividades físicas são contraindicadas para pacientes com refluxo gastroesofágico?
Quem tem o diagnóstico de refluxo gastroesofágico, normalmente, deve evitar alguns tipos de treinos de longa duração e alta intensidade, principalmente, aqueles que incluírem:
- Sessões de abdominais.
- Levantamento de muito peso.
- Dobrar-se sobre a região abdominal.
- Manter-se em uma mesma posição por tempo prolongado.
Riscos de não seguir o tratamento correto
Quando não se trata o refluxo ou não recebe a conduta terapêutica correta, o paciente pode sofrer algumas complicações sérias. Abaixo descrevemos as mais comuns.
Esofagite
A esofagite é uma inflamação no esôfago, que pode ser desencadeada pela presença constante de líquido estomacal oriundo de episódios de refluxo nessa região. Isso faz com que o paciente sofra de diversos sintomas, como dor no peito, dificuldade para engolir, vômitos, perda de apetite e tosse.
Pode-se diagnosticar a doença por meio da endoscopia digestiva alta e pelo exame de pHmetria.
Já o tratamento inclui mudança no estilo de vida e medicamentos, como os antiácidos. Em algumas situações mais graves, é possível recorrer à cirurgia.
Esôfago de Barrett é uma complicação do refluxo gastroesofágico
A frequente movimentação do conteúdo estomacal na região do esôfago durante o refluxo gastroesofágico pode fazer com que surja uma condição chamada de esôfago de Barrett. Isso ocorre quando o tecido prejudicado da região sofre alterações, fazendo com que surja um revestimento que é parecido com a estrutura do intestino delgado.
Essa situação é extremamente preocupante, pois considera-se o esôfago de Barrett uma condição pré-cancerígena, ou seja, seu surgimento aumenta significativamente as chances de que o paciente desenvolva um câncer nessa área do corpo.
A doença pode não apresentar nenhum sintoma específico, mas a presença dos sinais clássicos de refluxo faz com que seja necessária uma investigação. A enfermidade pode evoluir em três níveis:
- No primeiro estágio, o esôfago de Barrett pode ser notado, contudo, não há sinais claros que indicam para o surgimento de um câncer.
- No segundo estágio, é possível identificar alterações pré-cancerosas.
- No estágio final, há muitos indícios de modificações pré-cancerosas, o que seria a última etapa antes do tumor maligno surgir.
Pode-se tratar a doença por meio da ablação por radiofrequência. Esse método tem se mostrado eficiente na eliminação do esôfago de Barrett e na redução de câncer na região.
Úlceras podem surgir em casos de refluxo gastroesofágico não tratado
As úlceras esofágicas são outra complicação recorrente do refluxo gastroesofágico não tratado. Nessa condição, desenvolvem-se feridas na parede esofágica, que podem causar dor no peito e ao engolir. Essa dor costuma aparecer atrás do esterno ou abaixo dele.
A presença de úlceras pode ser identificada por meio da endoscopia digestiva alta.
Por sua vez, o tratamento inclui alterações alimentares e o uso de medicamentos.
Estreitamento do esôfago
O estreitamento do esôfago, também denominado estenose, ocorre quando há uma redução do espaço por onde passam os alimentos. Isso provoca uma dificuldade progressiva na deglutição, que se inicia com alimentos mais sólidos e evolui até o momento em que o paciente possui problemas para engolir a saliva.
É comum que a pessoa sinta dores na região e, à medida que o distúrbio progride, surgem crises de tosse e algumas partículas de alimentos podem alcançar o pulmão, causando pneumonia.
O diagnóstico se faz pela endoscopia digestiva alta, mas é preciso solicitar um estudo radiológico com contraste, para verificar a extensão do problema.
O tratamento está diretamente ligado às causas. Então, quando falamos do estreitamento do esôfago provocado pelo refluxo, é primordial adotar novos hábitos e administrar os medicamentos a partir de prescrição médica.
Câncer de esôfago pode ser uma das consequências graves do refluxo gastroesofágico
Por fim, o refluxo gastroesofágico não tratado pode evoluir para um câncer de esôfago. A doença é caracterizada pelo surgimento de células malignas na região. Elas podem ser de dois tipos:
- Carcinoma de células escamosas: surge nas células planas e finas que cobrem o órgão.
- Adenocarcinoma: apresenta-se nas células glandulares que recobrem o esôfago.
Os pacientes costumam apresentar tosse, dificuldade para engolir, rouquidão, perda de peso não intencional e dor no peito.
Assim como em outras doenças na região, a endoscopia digestiva alta é crucial para o diagnóstico precoce e o início imediato do tratamento. As abordagens mais comuns incluem cirurgia robótica ou por videolaparoscopia, quimioterapia e radioterapia.
Esses exemplos nos mostram de maneira clara, porque é preciso ficar atento ao refluxo gastroesofágico e buscar atendimento com um gastrocirurgião ou cirurgião do aparelho digestivo o mais rápido possível. Pois os tratamentos atuais controlam os sintomas e evitam o surgimento de qualquer complicação.
Como diferenciar o refluxo gastroesofágico de sintomas cardíacos?
Os sintomas do refluxo gastroesofágico podem ser facilmente confundidos com os sinais de problemas de origem cardíaca, como a angina, que é uma dor no peito que surge quando há uma diminuição temporária do fluxo do sangue para o músculo do coração. Geralmente este é um sintoma de uma doença conhecida como aterosclerose coronariana, caracterizada pelo estreitamento das artérias que levam sangue ao coração devido ao acúmulo de placas de gordura.
Tanto o refluxo quanto a angina provocam dor no peito, mas a grande diferença é que a dor da angina tende a aumentar durante o esforço físico e reduzir quando o paciente descansa, enquanto a dor do refluxo piora quando o paciente está em repouso.
A angina também apresenta outros sinais que podem ajudar na hora de identificá-la:
- A dor dura alguns minutos e é aliviada com o uso de medicamentos conhecidos como nitratos;
- Os pacientes também podem se queixar de sudorese excessiva e sensação de fraqueza;
- A dor no peito é descrita como uma sensação de aperto, pressão, queimação ou peso no centro do peito.
De forma geral, os sintomas do refluxo são mais leves e se prolongam por bastante tempo, enquanto que os incômodos resultantes de doenças coronarianas tendem a ser mais agudos. Além disso, é fundamental procurar um hospital imediatamente, caso a dor seja acompanhada de taquicardia, falta de ar, tontura, náuseas e caso irradie para o braço ou para a mandíbula. Esta combinação pode ser um indício de que o paciente esteja sofrendo um ataque cardíaco.
Quais as diferenças entre refluxo gastroesofágico e gastrite?
O refluxo gastroesofágico é caracterizado por uma irritação ou lesão na parede do esôfago devido ao retorno de material ácido vindo do estômago quando há um mau funcionamento da válvula que separa os dois órgãos.
Já a gastrite representa uma inflamação na mucosa do estômago, que pode ser aguda ou crônica e tem causas variadas, como uso prolongado de anti-inflamatórios, abuso de álcool e drogas, presença de doenças autoimunes, entre outros fatores.
Ambos os quadros podem ser diagnosticados levando-se em consideração o histórico clínico do paciente e também com a realização de um exame de endoscopia digestiva alta. O tratamento é feito com o uso de medicamentos e vai variar de acordo com a gravidade e os sintomas apresentados.
As duas doenças podem desencadear sintomas comuns, o que faz com que sejam confundidas. Mas uma forma de diferenciá-las pode ser observando a presença de tosse seca, que só ocorre nos casos de refluxo gastroesofágico.
De qualquer forma, a maneira mais segura de eliminar as dúvidas é fazendo uma consulta com um gastroenterologista, que além de identificar corretamente a doença, vai investigar as causas para sugerir o melhor tratamento.
O refluxo pode ser crônico?
Sim. O refluxo pode se tornar um problema crônico, o que significa que os sintomas podem durar por muito tempo, com períodos de remissão e novas crises ao longo dos anos.
Este é o problema gástrico considerado mais comum e atinge 20% da população geral, com maior incidência em homens, embora também possa ocorrer em mulheres e crianças.
No Brasil o percentual de pessoas que sofrem da doença é de 12%. Embora as causas ainda não sejam totalmente claras, este é considerado um problema da vida moderna, sendo frequentemente associado a uma alimentação não saudável, tabagismo, estresse, obesidade e abuso de álcool.
23 mitos e verdades sobre o refluxo gastroesofágico
Até aqui abordamos muitos aspectos interessantes sobre o refluxo gastroesofágico. Mas para fixar os seus conhecimentos e acrescentar alguns tópicos que ainda não foram abordados, criamos uma seção de mitos e verdades que abrangem as principais questões sobre esta doença. Assim você pode consultar um material dinâmico rapidamente e tirar suas principais dúvidas.
1. O refluxo é uma doença
VERDADE. O refluxo é classificado como uma doença. Este tipo de dúvida surge por alguns motivos, como o fato de que o problema é muito comum e em diversos casos não evolui para uma manifestação mais grave, então o paciente pode sofrer de sintomas leves ou não apresentar sintoma nenhum. Além disso, os incômodos podem surgir em determinado momento e depois desaparecer por algum tempo.
Outro ponto importante é que muitas pessoas costumam se automedicar e aliviar os sintomas sem a ajuda de um profissional, o que prejudica o diagnóstico correto e pode resultar em outros tipos de problemas.
2. A endoscopia é a única forma de confirmar o diagnóstico
MITO. Embora a endoscopia seja uma das principais formas de fazer o diagnóstico, ela não é a única. O cirurgião pode usar em sua análise a avaliação clínica do paciente e complementá-la com outros tipos de exames, como a phmetria, que monitora o líquido esofágico, a impedanciophmetria, que analisa o funcionamento do esôfago, e a manometria, que é capaz de medir o funcionamento da válvula esfíncter. Além disso, radiografias contrastadas e até tomografias também contribuem para o diagnóstico.
3. Mascar chicletes pode aliviar o refluxo gastroesofágico
MITO. Mascar chicletes não ajuda a aliviar o refluxo gastroesofágico. Na verdade, pode piorar o problema. Pois o ato de mascar faz com que a produção de ácido estomacal aumente.
4. É possível curar a doença com chás e receitas caseiras
MITO. Alguns pacientes com refluxo fazem o uso de chás de camomila e melissa. Eles ajudam a aliviar os sintomas, mas não são capazes de realmente tratar o problema. Para livrar-se totalmente dos incômodos é preciso consumir medicamentos que limitem a produção de ácido estomacal, além de adotar hábitos de vida mais saudáveis, como uma alimentação melhor, sem tantos alimentos gordurosos e evitando comer muito em uma única refeição. Também é importante evitar o consumo de cigarro.
5. O refluxo não tem nenhuma relação com a gastrite
MITO. Embora gastrite e refluxo sejam doenças diferentes, como explicamos no decorrer deste texto, elas têm sim alguma relação, já que atingem a primeira porção do aparelho digestivo. Assim, caso o paciente sofra de gastrite, isso pode fazer com que os líquidos que escapam para o esôfago venham em maior quantidade, o que piora o quadro de refluxo e faz com que as dores aumentem.
6. Evitar alimentos gordurosos ajuda no tratamento de refluxo gastroesofágico
VERDADE. Alimentos com altas concentrações de gordura são os piores para quem sofre de refluxo gastroesofágico. Eles devem ser evitados porque tendem a permanecer no estômago por mais tempo, o que contribui para crises mais frequentes. Além disso, a gordura aumenta a produção de ácido estomacal, o que deixa o esôfago ainda mais irritado quando ocorre a passagem de líquido de um órgão para o outro.
7. Bebidas alcóolicas e chocolates podem potencializar os sintomas da DRGE.
VERDADE. Alguns alimentos, como álcool e chocolates, têm o potencial de afrouxar o esfíncter inferior do esôfago, um músculo na transição entre o esôfago e o estômago, contribuindo, dessa forma, para a ocorrência da DRGE.
8. Largar o vício do fumo pode auxiliar na redução do refluxo gastroesofágico.
Um estudo publicado no periódico Plus One indicou uma relação direta entre o tabagismo e o refluxo gastroesofágico. Então, essa informação é a mais pura VERDADE.
Ao analisar pacientes que abandonaram o hábito de fumar, observou-se uma melhora nos sintomas da doença. Portanto, a cessação do tabagismo é uma recomendação recorrente do cirurgião do aparelho digestivo para aqueles que enfrentam esse problema.
9. Pães, embutidos e outros carboidratos também aumentam os sintomas do refluxo gastroesofágico.
VERDADE. Alimentos, como pães, embutidos e outros carboidratos podem estimular a produção de ácido no estômago, exacerbando os sintomas do refluxo gastroesofágico. Portanto, sua ingestão deve ser controlada para melhorar a condição.
10. A dieta mediterrânea pode ser uma alternativa para evitar o refluxo.
VERDADE. Um artigo veiculo no periódico JAMA destacou que uma dieta mediterrânea baseada em vegetais pode contribuir para reduzir os sintomas de refluxo ácido, especialmente quando combinada com a orientação padrão de eliminar certos alimentos da dieta.
Essa abordagem alimentar demonstra ser uma estratégia eficaz no manejo do problema.
11. Evitar comida picante e bebidas gasosas pode cooperar para eliminar o refluxo gastroesofágico.
VERDADE. Todos esses itens são reconhecidos como desencadeadores do refluxo gastroesofágico, podendo potencializar os sintomas da doença.
Entretanto, é fundamental perceber que a quantidade de alimentos ingeridos desempenha um papel significativo. O consumo equilibrado desses alimentos é muitas das vezes aceitável, mas a moderação é essencial, visando evitar a sobrecarga do sistema digestivo.
12. O refluxo é apenas um engasgo
MITO. O retorno de materiais do estômago para o esôfago causa queimação, engasgos e tosses. A ocorrência deste último sintoma pode fazer com que algumas pessoas pensem que o problema se trata de um simples engasgo. Mas, como sabemos, o refluxo é uma doença caracterizada por uma falha na válvula que separa o esôfago e o estômago.
13. Azia é o único sintoma da doença
MITO. A azia com certeza é um dos principais sintomas do refluxo, mas não é o único. Como vimos neste texto, o paciente costuma se queixar também de tosse, pigarro, rouquidão e alterações dentárias causadas pelo ácido estomacal, que pode corroer o esmalte dos dentes e deixá-los fracos e mais suscetíveis a cáries. Também é possível que alguns pacientes se queixem de dor torácica, o que torna necessário consultar um médico para descartar a chance de problemas cardíacos.
14. Deitar-se imediatamente após comer piora o refluxo
VERDADE. Deitar-se logo após comer costuma agravar os sintomas, pois quando o corpo está na posição horizontal é mais fácil para que o material do estômago escape para o esôfago e cause irritação na região. O recomendável é que o paciente aguarde entre 2 e 3 horas para se deitar após a refeição. Também é útil manter a parte superior do corpo levemente inclinada.
15. A perda de peso pode reduzir os sintomas de refluxo
VERDADE. O excesso de peso faz com que haja uma pressão adicional no abdômen, o que facilita os episódios de refluxo. Então o processo de emagrecimento é muito importante principalmente para quem sofre de obesidade ou está com sobrepeso.
Por isso o paciente deve consultar-se com um nutricionista para que receba uma dieta adequada. A prática de exercícios físicos também é muito importante, sempre seguindo as orientações de um profissional. Em alguns casos mais graves de obesidade, o paciente pode atender aos requisitos para ser submetido a uma cirurgia bariátrica.
16. A cafeína agrava o refluxo gastroesofágico
VERDADE. A cafeína é uma das grandes vilãs para quem sofre de refluxo gastroesofágico, pois bebidas que contém esta substância, como café, chá e refrigerante, podem fazer com o esfíncter esofágico inferior relaxe, contribuindo para que o ácido estomacal escape para o esôfago.
17. A doença do refluxo afeta apenas adultos mais velhos
MITO. Como vimos, a doença do refluxo, DRGE, é mais comum a partir dos 50 anos, pois com o envelhecimento há também um enfraquecimento muscular e alterações hormonais que contribuem para o mau funcionamento da válvula. Entretanto, este é um problema extremamente comum e que também surge em crianças e adolescentes.
18. O refluxo é apenas um problema de excesso de ácido estomacal
MITO. O excesso de ácido estomacal é uma parte importante para o desenvolvimento do problema, mas é preciso considerar outros fatores contribuintes, principalmente o mau funcionamento do esfíncter esofágico inferior. O esvaziamento gástrico lento devido a alimentos muito pesados e gordurosos também é um fator contribuinte.
19. Os sintomas atingem somente o sistema digestivo
MITO. Além dos sinais clássicos de azia e regurgitação, essa condição pode manifestar-se por meio de outros sintomas, como tosse, asma, rouquidão, mau hálito e pigarro.
Por isso, reconhecer a diversidade de sintomas é fundamental para um diagnóstico preciso e o tratamento adequado.
20. Alimentos ácidos podem agravar o refluxo gastroesofágico
VERDADE. Pacientes que sofrem de refluxo gastroesofágico precisam evitar o consumo de alguns alimentos cítricos, como laranjas, limões e tomates. Eles podem irritar ainda mais as paredes do esôfago, além de estimularem a produção de ácido estomacal. É importante ressaltar que o paciente deve adaptar toda a sua dieta considerando os alimentos que desencadeiam as crises.
21. Vinagre de maçã contribui para o combate à azia.
MITO. Uma pesquisa conduzida na Arizona State University comparou o uso do vinagre de maçã no tratamento da azia e má digestão. Os resultados não mostraram alterações significativas nos sintomas gastrointestinais após o consumo do líquido, indicando a necessidade de mais estudos, a fim de determinar se existe algum benefício real associado a essa prática.
22. A DRGE está ligada a alguma doença do coração.
MITO. Embora os sintomas de doenças cardíacas e refluxo possam ser semelhantes, não há uma relação direta entre elas. No entanto, é crucial diferenciar essas condições por meio de exames específicos.
23. Falar que possui hérnia de hiato é o mesmo que dizer que tem DRGE.
MITO. Apesar de a hérnia de hiato ser uma alteração anatômica que facilita a DRGE, nem todas as pessoas com hérnia de hiato apresentam o problema. Assim, é crucial reconhecer que ter uma hérnia de hiato não é sinônimo direto de ter refluxo, embora possa aumentar a probabilidade de ocorrência.
Outras coisas que você deve saber sobre o refluxo
Compreender aspectos essenciais sobre o refluxo ou DRGE é fundamental para um tratamento eficaz. Adiante, abordaremos algumas perguntas importantes relacionadas ao diagnóstico e aos sintomas atípicos desse problema.
1. A minha tosse pode ser proveniente da DRGE?
Sim, essa condição pode atingir a faringe e a laringe, desencadeando sintomas atípicos, como tosse, rouquidão e pigarro. Por isso, é essencial descartar possíveis causas respiratórias antes de atribuir os sintomas à DRGE.
2. É possível ter doença do refluxo gastroesofágico mesmo se a endoscopia acusar normalidade?
A endoscopia desempenha um papel crucial no diagnóstico da doença do refluxo gastroesofágico, identificando esofagite, hérnia de hiato e complicações. Entretanto, até dois terços dos pacientes com o problema podem apresentar endoscopias normais.
Nesses casos, o diagnóstico leva em consideração sintomas, resposta ao tratamento e, se necessário, exames prolongados de monitorização da acidez esofágica (pHmetria).
3. Essa condição pode estar relacionada ao sobrepeso ou à obesidade?
O excesso de peso contribui para o aumento da pressão intra-abdominal, criando condições favoráveis para a DRGE. Estudos evidenciam que indivíduos com sobrepeso ou obesidade enfrentam um risco de 2 a 3 vezes maior de desenvolver sintomas frequentes da doença.
Surpreendentemente, mesmo pessoas com peso considerado normal podem experimentar azia com o ganho de peso.
Por outro lado, uma redução de 3.5 no Índice de Massa Corporal (IMC) reduz a ocorrência de azia em cerca de 40%.
4. É viável amenizar o refluxo na hora de dormir?
Sim, há medidas importantes que se pode tomar para minimizar o refluxo gastroesofágico durante o repouso noturno. Desse modo, recomenda-se fazer refeições mais leves e antecipadas à noite, viabilizando um intervalo de 2 a 3 horas antes de deitar-se.
Outra estratégia eficaz é elevar a cabeceira da cama em 15 a 20 cm, utilizando suportes específicos ou cunhas, em vez de simplesmente ajustar travesseiros na cabeça.
Além disso, evitar dormir virado para o lado direito é aconselhável, pois essa posição pode favorecer o desconforto devido à conformação do estômago.
5. Existe algum risco da DRGE associado à cirurgia de hérnia de hiato? E o que fazer?
Sim, a cirurgia pode influenciar o refluxo. A hérnia de hiato ocorre quando uma porção do estômago invade a cavidade torácica por meio de uma abertura no músculo diafragma, responsável pela separação entre o tórax e o abdômen, aumentando a probabilidade da DRGE.
Entretanto, especialmente em hérnias pequenas, alterações no estilo de vida, ajustes na dieta, perda de peso e medicamentos podem ser eficazes para controlar os sintomas.
Vale frisar que a abordagem cirúrgica não é obrigatória em todos os casos de hérnia de hiato. Mas a decisão de optar pela cirurgia dependerá de vários fatores, incluindo a gravidade dos sintomas, a resposta ao tratamento não cirúrgico e as características específicas da hérnia, como seu tamanho e tipo.
6. Há medicações que podem agravar o refluxo gastroesofágico?
Sim, certos medicamentos podem piorar o refluxo gastroesofágico, incluindo anti-hipertensivos, uma classe específica de antidepressivos e substâncias para bexiga hiperativa, além de outras com efeitos sedativos.
Sobretudo, suplementos dietéticos, antibióticos, medicamentos para osteoporose, repositores de ferro e potássio e anti-inflamatórios podem irritar diretamente a mucosa do esôfago.
Portanto, é essencial revisar todos os medicamentos em uso ao enfrentar piora nos sintomas da enfermidade, seguindo sempre as orientações médicas, em especial do seu cirurgião do aparelho digestivo ou gastrocirurgião.