As cirurgias robóticas representam um grande avanço dos procedimentos cirúrgicos minimamente invasivos, pois são utilizadas pinças e câmeras articuladas por um robô, que é controlado pelo cirurgião, sem a necessidade de realizar cortes grandes para expor a área do paciente a ser tratada.
A principal diferença destas cirurgias em relação à videolaparoscopia, que já é praticada há algum tempo, é que, durante o procedimento, o cirurgião não manipula diretamente os instrumentos, mas controla um robô que executa a operação.
Portanto, diferentemente do que algumas pessoas pensam, o comando de toda a operação é feito pelo cirurgião, que realiza o procedimento sentado em um console e tem total controle das ações desenvolvidas pelos braços robóticos.
Como as câmeras e os instrumentos utilizados nestas cirurgias são de tecnologia muito avançada, isso possibilita a execução de movimentos mais delicados e precisos, o que seria mais difícil se eles fossem realizados pelas mãos do cirurgião.
Como acontecem as cirurgias robóticas?
Para que as cirurgias robóticas ocorram são necessários 3 equipamentos principais:
- O console que o cirurgião irá usar para dar os comandos ao robô;
- Um sidecar, que é posicionado ao lado da mesa de cirurgia. É nele que são acoplados os 4 braços robóticos que farão todos os movimentos, de acordo com os comandos do cirurgião. Nesses braços ficam a câmera e os instrumentos, como tesoura e pinças;
- Uma torre responsável pela geração de imagens, luz e energia, além de abrigar o software principal.
Com tudo preparado, o médico se senta confortavelmente em um local em que há apoio para os braços e dois joysticks que permitem o controle do robô com uma grande amplitude de movimentos. Os óculos usados para visualizar o local da cirurgia mostram imagens em três dimensões e são capazes de ampliá-las em até 10 vezes, fazendo com que o cirurgião veja a área a ser tratada com detalhes.
Na altura dos pés, o médico tem acesso a pedais, que são responsáveis por alguns controles essenciais, como troca de braços, movimento da câmera e funções que envolvem cortes e cauterização. Ao lado da mesa de cirurgia, os outros profissionais da equipe fazem o monitoramento do paciente.
Diferenças entre cirurgias robóticas e laparoscópicas
Como mencionamos, a principal diferença entre as cirurgias robóticas e a laparoscópica é em relação à sua forma de execução, já que no procedimento robótico o cirurgião controla os equipamentos remotamente. Mas para deixar mais claro o funcionamento desses dois tipos de intervenção é importante destacar outras diferenças importantes:
- A cirurgia robótica é mais eficiente em locais de difícil acesso, como pelve, diafragma e saída do esôfago;
- Em uma laparoscopia os instrumentos cirúrgicos se movimentam de forma inversa, ou seja, se o cirurgião do aparelho digestivo faz um movimento para a esquerda, o instrumento vai para a direita. Por outro lado, os braços robóticos reproduzem de forma mais fiel os comandos do médico, o que torna o procedimento mais intuitivo;
- O nível de conforto para o cirurgião também representa uma diferença entre as duas intervenções. Pois no procedimento robótico o médico fica sentado com toda a ergonomia necessária para garantir um menor desgaste, mesmo nas intervenções mais longas;
- Embora os braços robóticos reproduzam com maior fidelidade os movimentos do médico, essa tecnologia é tão avançada que consegue filtrar possíveis tremores do profissional e evita reproduzi-los, o que garante mais segurança e precisão durante a cirurgia.
Vantagens das cirurgias robóticas
As cirurgias robóticas trazem muitos benefícios aos pacientes, porque o robô consegue efetuar movimentos semelhantes aos das mãos humanas, tornando a operação mais apurada e detalhada. Com esta ferramenta, é possível realizar uma cirurgia gástrica que seja mais efetiva e segura e, ao mesmo tempo, traga bons resultados pós-operatórios para os pacientes.
O robô permite ao cirurgião ampliar a visão em até 20 vezes. As pinças do robô, também denominadas por braços poliarticulados, são flexíveis e permitem movimentações em 360 graus, ou seja, maiores do que as comuns da videolaparoscopia.
A recuperação dos pacientes é mais rápida e há menos riscos de infecções e sangramentos, além de serem feitos cortes e cicatrizes mínimas, o que é possível devido às pinças articuladas do robô, que são muito precisas e conseguem alcançar áreas de difícil acesso às mãos.
Entre as principais vantagens das cirurgias robóticas, estão:
- Realização de incisões mínimas;
- Baixa probabilidade de ocorrerem traumas teciduais;
- Risco menor de ocorrerem sangramentos e infecções;
- Menor necessidade de uso de analgésicos;
- Melhor ergonomia para o cirurgião, principalmente, em cirurgias de longa duração;
- Possibilidade de realizar a cirurgia em um curto intervalo de tempo;
- Redução do tempo de hospitalização do paciente;
- Menos dor para o paciente no pós-operatório;
- Poucas restrições ao paciente no pós-cirúrgico;
- Recuperação mais acelerada;
- Retorno mais rápido à vida cotidiana.
É importante ficar claro que todo paciente submetido a um procedimento cirúrgico está sujeito a riscos e complicações. Contudo, no passado, os riscos envolvidos em uma operação cirúrgica eram bem mais frequentes. Hoje, por sua vez, com o desenvolvimento de técnicas mais modernas, as cirurgias têm se tornado bastante seguras, e os índices de complicações cada vez menores.
Áreas que se beneficiam das cirurgias robóticas
Como é possível perceber, a utilização de cirurgias robóticas em pacientes bariátricos traz diversas vantagens para o paciente e também aos profissionais. Mas não é somente para esse tipo de tratamento que essa tecnologia é útil. Ela é usada na urologia, ginecologia, cirurgia de cabeça e pescoço, na cirurgia torácica, oncológica, pediátrica e também na coloproctologia.
Sendo assim, as cirurgias com braços robóticos são úteis para fazer a retirada de vários tipos de tumores e também para tratar outras doenças. Atualmente a maior quantidade de procedimentos ocorre na área da urologia, principalmente para tratamentos de cânceres de próstata e rins.
Cirurgias robóticas para obesidade
Para os casos de obesidade grave que necessitam de intervenção cirúrgica, as cirurgias robóticas têm proporcionado aos pacientes uma melhor recuperação pós-operatória, reduzindo as chances de ocorrência de complicações. Quando se trata de obesidade e de complicações relacionadas ao sobrepeso, a cirurgia bariátrica é o procedimento que tem trazido resultados mais eficazes e duradouros, tanto para a perda de peso como para a melhora dos problemas de saúde associados.
O procedimento é considerado mais uma grande evolução para os pacientes que precisam ser submetidos à cirurgia bariátrica, trazendo também vantagens em relação à cirurgia feita por videolaparoscopia, que já representou um enorme progresso comparada à cirurgia aberta. Nesta última, são realizados cortes na parede abdominal.
Os pacientes com obesidade costumam ser mais suscetíveis aos riscos de complicações pós-operatórias, quando comparados aos pacientes sem sobrepeso. Por isso, qualquer procedimento cirúrgico executado com estas pessoas exige maiores cuidados.
Com a cirurgia bariátrica manipulada por robô, estes riscos são baixíssimos, em função da alta precisão com a qual é realizado o procedimento, bem como pela melhor visualização das estruturas pelo cirurgião.
Pré-requisitos para a bariátrica
Para ser elegível à cirurgia bariátrica, os pacientes precisam preencher uma série de critérios. O procedimento normalmente é indicado para pessoas com IMC (Índice de Massa Corporal) entre 35 Kg/m² e 40 Kg/m² com comorbidades, como hipertensão e diabetes tipo 2, ou pacientes com obesidade mórbida, ou seja, com IMC acima de 40 Kg/m².
Neste contexto, a robótica é muito indicada para pessoas com o IMC a partir de 50, mas este procedimento pode ser utilizado também em qualquer paciente que esteja apto a realizar a bariátrica, mesmo com o IMC de 35 a 50.
Vale lembrar ainda que quem tem IMC entre 30 e 35 pode ser submetido à cirurgia metabólica (equiparada à bariátrica, mas com foco na remissão de doenças graves), desde que seja comprovada a existência de comorbidades advindas da obesidade.
Normalmente, os pacientes atingem a maior perda de peso após o primeiro ano da cirurgia. Desta forma, a reeducação alimentar desempenha um importante papel neste processo para que a redução de peso ocorra de forma sustentável.
Cirurgias robóticas para hérnias abdominais
As cirurgias robóticas também têm sido bastante aplicadas para o tratamento de hérnias abdominais, obtendo resultados muito positivos para pacientes submetidos ao procedimento. As hérnias abdominais correspondem a imperfeições na parede abdominal, caracterizadas por uma saliência ou um abaulamento na região afetada, podendo ser acompanhada de dor ou não, tendo em vista que a manifestação dos sintomas varia muito de um paciente para outro.
Ainda que a cirurgia seja o único tratamento definitivo para as hérnias abdominais, não são todos os casos que exigem um procedimento cirúrgico. Mas, quando os pacientes apresentam hérnias grandes ou sintomáticas, a realização da cirurgia é necessária.
A cirurgia robótica de hérnia é um dos procedimentos mais modernos da medicina. Trata-se de uma técnica minimamente invasiva, em que são realizadas pequenas incisões no abdômen, em vez de grandes cortes, por meio das quais entram uma câmera e os instrumentos cirúrgicos.
Apesar de a técnica robótica poder ser usada no tratamento de todos os tipos de hérnia abdominal (inguinal, femoral, umbilical, epigástrica, incisional e hiatal), é primordial que seja feita uma avaliação individualizada do paciente por um especialista.
Cirurgias robóticas em casos oncológicos gastrointestinais
As cirurgias robóticas para tratamentos oncológicos gastrointestinais trazem diversos benefícios, entre eles: uma recuperação mais rápida; e a possibilidade de iniciar outras etapas do tratamento em um menor intervalo de tempo.
Além disso, a técnica pode ser aplicada para vários órgãos.
Pâncreas
Ao empregar robôs, o cirurgião obtém maior sucesso na retirada dos linfonodos. Nesse caso, a perda de sangue também é menor.
Já no pós-operatório, o paciente sofre menos dores e consegue se recuperar de forma mais ágil, para prosseguir o tratamento com a quimioterapia e/ou radioterapia.
Cirurgias robóticas no combate ao câncer no fígado
As cirurgias robóticas para combater o câncer no fígado também resultam em baixa perda de sangue e menos dor durante a recuperação.
Além disso, as chances de não precisar converter o procedimento para uma cirurgia aberta são muito maiores.
Estômago
Seguindo o padrão desse tipo de tratamento, a cirurgia robótica ajuda o paciente a se recuperar com mais agilidade, para que fique apto a continuar o seu tratamento de acordo com a prescrição médica.
Esôfago
As cirurgias com robôs para câncer no esôfago permitem uma maior retirada de linfonodos e mais detalhes na dissecação. O acesso do cirurgião também é facilitado em relação a outros métodos.
Ademais, o mecanismo mais moderno contribui para diminuir a intensidade da dor durante o processo de recuperação do paciente.
Eficácia das cirurgias robóticas para tratar câncer colorretal
As cirurgias robóticas são indicadas para tratar tumores no reto em homens, pessoas com sobrepeso ou obesas.
Dentre as vantagens do procedimento, podemos citar: a viabilidade de remoção total do tumor; e uma menor taxa de recorrência. Também há menor probabilidade de lesão no local devido a tremores, tornando o procedimento mais seguro para o paciente e os profissionais envolvidos.
Hepatectomia, a cirurgia para doenças do fígado
A hepatectomia é uma cirurgia para o tratamento de doenças do fígado. O procedimento é indicado para manifestações de tumores primários, metástases hepáticas, nódulos e outros problemas que podem atingir esse órgão.
No decorrer da cirurgia, é feita a retirada das neoplasias e até mesmo de partes prejudicadas do fígado. Por muito tempo, a principal intervenção nessas situações foi a cirurgia aberta, que apresentava mais riscos ao paciente e demora na recuperação, pois a incisão tinha um tamanho considerável.
Entretanto, com o advento das cirurgias aplicando robôs, o cirurgião pode realizar as mesmas intervenções, mas com incisões mínimas.
Graças ao console, o cirurgião controla os braços mecânicos e toda a tecnologia envolvida nesse tipo de operação. O mecanismo empregado viabiliza movimentos mais suaves e precisos sob o comando do especialista, reduzindo consideravelmente a possibilidade de qualquer erro e traumas na região operada. A câmera usada na cirurgia também contribui para uma maior precisão, já que dá ao médico uma visão privilegiada do local.
Apesar de ser muito distinta da cirurgia aberta, o procedimento com a ajuda de robôs não exige que o paciente faça uma preparação diferenciada.
Pancreatectomia por meio das cirurgias robóticas
O pâncreas é outro órgão beneficiado pelas cirurgias robóticas. Hoje em dia, esse é o melhor método para a intervenção conhecida como pancreatectomia, que consiste na retirada da cauda do pâncreas na maioria das vezes. Em poucos casos, é executada a retirada total do órgão.
A primeira cirurgia do pâncreas com o auxílio de robôs no Brasil foi realizada em 2008. No entanto, esse tipo de procedimento tornou-se mais comum apenas em 2018. Um dos motivos que dificultou a rápida popularização do procedimento foi o elevado custo dos aparelhos.
Outro procedimento facilitado pela robótica é a duodenopancreatectomia, que envolve a retirada da cabeça do pâncreas e do duodeno. É considerada uma intervenção cirúrgica de grande porte, que pode desencadear diversas complicações em curto e longo prazo. Contudo, esse procedimento com o auxílio de robôs pode amenizar os incômodos gerados ao paciente e aumentar as chances de sucesso.
Colecistectomia: retirada da vesícula
A colecistectomia, cirurgia para a retirada da vesícula, foi realizada com a técnica aberta por vários anos. Basicamente, o cirurgião fazia um corte no abdômen do paciente, com a finalidade de obter acesso ao local. Nesse tipo de procedimento, as chances de complicações são maiores. Além de tudo, o paciente demora mais a se recuperar.
Com a evolução tecnológica, passou-se para a laparoscopia, um procedimento com incisões pequenas em que o cirurgião visualiza o local com a ajuda de uma câmera. A partir da imagem por vídeo, o cirurgião consegue movimentar o equipamento inserido no abdômen do paciente.
Porém, agora existe a colecistectomia robótica. Esse procedimento é mais preciso e ainda menos invasivo. Desse modo, o paciente alcança a recuperação com mais facilidade e fica com menos cicatrizes.
Refluxo gastroesofágico tratado por meio de procedimento robótico
O refluxo gastroesofágico causa muito desconforto para o paciente. Esse problema acontece em virtude do mau funcionamento da válvula entre o esôfago e o estômago, que se abre em momentos inadequados, permitindo que parte do conteúdo estomacal retorne.
A condição pode ser tratada com o uso de medicamentos, mas há casos em que a situação não pode ser resolvida dessa forma. Na última hipótese, o médico indica a cirurgia.
O procedimento robótico é o mais recomendado para devolver as competências da válvula da forma menos invasiva possível. A suavidade proporcionada pelo robô minimiza os impactos em áreas sensíveis e coopera para a recuperação acelerada do paciente.
Pós-operatório
Pelo fato de a recuperação ser mais rápida, após a realização das cirurgias robóticas, a maioria dos pacientes pode retornar às suas atividades cotidianas mais rapidamente do que quando eles são submetidos a intervenções cirúrgicas convencionais.
Mas é indispensável que, após a cirurgia bariátrica, mesmo a feita com auxílio de robô, o paciente faça acompanhamento médico, afinal, o seu organismo sofreu modificações significativas e, em alguns casos, há necessidade de suplementação de vitaminas, minerais e proteínas. O monitoramento constante é fundamental para tratar estas condições de forma simples, garantindo que o paciente obtenha melhores resultados com a cirurgia.
Cirurgias robóticas são melhores do que as laparoscópicas?
As cirurgias robóticas ainda estão em expansão, o que faz com que muitas pessoas desconfiem da sua eficácia. Contudo, os resultados alcançados não deixam dúvidas de que esse é o método cirúrgico mais eficiente da atualidade para cirurgias do aparelho digestivo.
O procedimento laparoscópico também traz grandes resultados e ainda é amplamente executado. Todavia, não podemos desconsiderar que o procedimento robótico é bem superior no que tange aos benefícios oferecidos aos médicos e pacientes.
Embora o robô responda aos movimentos do cirurgião, a sua tecnologia é capaz de filtrar tremores, tornando o procedimento mais preciso. O que não acontece no caso da laparoscopia, pois o cirurgião comanda os equipamentos diretamente.
Outro ponto interessante é a visão em 3D disponível para o médico durante as cirurgias com robôs, ampliando a sua visão e o entendimento da situação. Esse tipo de equipamento é tão seguro que os braços do robô podem travar, se ele identificar que, por algum motivo, o médico desviou a sua atenção do visor.
A tendência é que o procedimento robótico fique cada vez mais popular. Para isso, é necessário comprar bons equipamentos e oferecer o treinamento adequado à equipe designada.
A chegada da cirurgia robótica ao Brasil
A cirurgia robótica é uma tecnologia relativamente nova, já que começou a ser praticada nos EUA nos anos 2000. Depois não demorou para que começasse a se espalhar para outros países, chegando ao Brasil em 2008. Hoje a técnica está disponível em todos os continentes e há cerca de 5000 robôs desse tipo espalhados pelo mundo. No Brasil, existem por volta de 80.
A maior popularização da tecnologia fez com que ela começasse a ser usada com mais frequência. Em 2019 foram realizadas por volta de meio milhão de cirurgias robóticas em todo o mundo, sendo que cerca de 15 a 20 mil aconteceram no Brasil.
Tendências das cirurgias robóticas no Brasil
A plataforma robótica da Vinci foi a primeira usada para auxiliar em cirurgias robóticas, a partir do ano 2000. Isso abriu as portas para que outras empresas começassem a investir em suas próprias plataformas, como o Versius e o Hugo RAS System, da CMR Surgical e Medtronic.
Essa democratização dos equipamentos é importante para que haja uma redução dos custos desse tipo de procedimento (que hoje são extremamente altos), o que faz com que mais pessoas tenham acesso a esse tipo de tratamento. Então, a tendência para o futuro é que as cirurgias com o auxílio de robôs se popularizem cada vez mais, permitindo procedimentos menos invasivos, seguros e de rápida recuperação.
Rumo à telecirurgia com o 5G
Com a evolução da internet, a tendência é que a cirurgia com a utilização de robôs se torne ainda mais moderna e democrática, possibilitando que o médico opere à distância com mais segurança. A chegada do 5G, por exemplo, vai permitir conexões que ultrapassam 1 Gb e com uma latência inferior a 10 milissegundos.
Assim, haverá um tempo de resposta extremamente curto até que o robô reproduza o movimento executado pelo médico. Isso cria novas possibilidades para a integração com tecnologias, como nanotecnologia, inteligência artificial e feedback háptico, que vai ajudar o profissional a ter uma maior noção da textura e da resistência dos equipamentos, mesmo não estando presente na mesma sala e nem no mesmo prédio em que a cirurgia acontece.
É importante ressaltar que esse tipo de intervenção à distância já ocorreu antes. Um dos casos pioneiros foi registrado em 2001, quando um gastrocirurgião em Nova York comandou uma cirurgia na França para a retirada de uma vesícula biliar.
Quais os cuidados necessários para garantir a segurança das cirurgias robóticas?
As cirurgias robóticas, embora muito eficientes, exigem uma série de cuidados, principalmente no que diz respeito ao treinamento das pessoas envolvidas. Pois se trata de um procedimento relativamente novo, que não está disponível em todos os hospitais e que demanda uma capacitação específica para garantir o melhor resultado.
Quando falamos no treinamento para essas intervenções, não estamos nos referindo apenas ao cirurgião, mas sim a toda à equipe que irá auxiliar na cirurgia, como o anestesista e o técnico de enfermagem. Todos precisam estar cientes da forma como o equipamento funciona e de como devem proceder diante de diversas situações que podem ocorrer na sala de cirurgia.
Já para o paciente, os cuidados para a realização do procedimento são os mesmo de uma cirurgia por laparoscopia, então ele deve se encaixar nos pré-requisitos, fazer diversos exames e se consultar com uma equipe multidisciplinar para garantir que está apto para passar pelo procedimento. Essa equipe inclui profissionais, como cardiologista, nutricionista, psicólogo e endocrinologista.
Mitos e verdades sobre as cirurgias robóticas
Por se tratar de um tipo de procedimento relativamente novo, as cirurgias robóticas ainda geram muitas dúvidas e estão cercadas de mitos e verdades. Diversas pessoas associam a tecnologia ao domínio da inteligência artificial e à substituição de profissionais por máquinas. Mas os robôs têm a missão de facilitar a aprimorar o trabalho. Por isso reunimos abaixo as dúvidas mais comuns em relação à essa tecnologia.
O robô opera sozinho
Esse é um dos mitos mais difundidos. Pois, como mencionamos, as pessoas acreditam que a inteligência artificial domina completamente a cirurgia e não é mais necessária a presença de um médico. Mas a verdade é que os braços robóticos são apenas um instrumento mais sofisticado do que os convencionais e que ainda precisam de um médico experiente no comando.
Uma prova disso é que para fazer esse tipo de cirurgia os profissionais envolvidos precisam passar por um treinamento longo e específico. Por isso, não são todos os cirurgiões que estão aptos a fazê-lo. Outro ponto importante é o fato de que, até chegar à cirurgia em si, é preciso passar por uma série de exames e observações, nos quais bons profissionais são indispensáveis.
Então, a tecnologia que temos atualmente não é capaz de substituir os seres humanos durante a realização de uma cirurgia, mas ela ajuda os especialistas a trabalharem com mais precisão e com um maior controle de risco.
A cirurgia com o auxílio de robôs é a mesma coisa que a laparoscópica
Aqui temos outro mito comum, que é alimentado pelo fato de que os dois procedimentos têm algumas semelhanças, como ser menos invasivo e usar uma câmera para visualizar as estruturas internas do corpo.
Entretanto, a câmera utilizada na laparoscopia é 2D com alta resolução e o médico manipula os instrumentos diretamente, posicionando-se ao lado da mesa de cirurgia. Por outro lado, na cirurgia com os braços robóticos, a câmera utilizada é 3D e o profissional manipula os equipamentos remotamente, com uma maior amplitude de movimentos e com tecnologias capazes de filtrar tremores e fadiga. O robô é mais preciso na hora de emular os movimentos humanos e a câmera moderna permite ter uma noção total de profundidade.
As cirurgias robóticas são mais rápidas
Isso também é considerado um mito, já que essa não é uma regra. A duração das cirurgias robóticas vai depender do tipo de procedimento e de sua complexidade, o que cria variáveis para que o tempo das intervenções seja muitas vezes similar ao da cirurgia laparoscópica.
Por outro lado, no pós-operatório a recuperação do paciente é comprovadamente mais rápida, já que as incisões são menores e a precisão é maior, o que diminui o sangramento, o tempo de cicatrização e o risco de complicações. Também são usados menos anestésicos e não há necessidade de períodos longos de internação. Por fim, em pouco tempo o paciente está apto para retornar às suas atividades cotidianas.
Esse tipo de cirurgia tem resultados melhores
É possível considerar isso como um mito, pois não são todos os casos em que o resultado será melhor apenas porque a técnica robótica foi utilizada. Procedimentos como os por laparoscopia também são eficientes e apresentam resultados satisfatórios.
Mas há alguns casos em que a cirurgia robótica é comprovadamente mais eficiente, como em situações de câncer de próstata, em que a realização do procedimento com braços robóticos aumenta as chances de que o paciente mantenha suas funções sexuais e a continência urinária.
Além disso, a qualidade do procedimento vai depender diretamente de fatores associados ao paciente, dos materiais disponíveis e também do treinamento e da experiência de toda a equipe envolvida.
As cirurgias com uso de robô apresentam vantagens em relação às imagens, movimentação e ergonomia
Verdade. Como mencionamos, as imagens geradas nas cirurgias com uso de robô são em alta resolução e 3D, os braços têm uma grande amplitude de movimentos e o profissional fica em uma posição confortável durante todo o procedimento.
A cirurgia robótica é mais cara
Verdade. Isso ocorre porque não há tantos equipamentos disponíveis no mercado, não são todos os hospitais que a realizam e nem todos os cirurgiões são capacitados para o procedimento. Essa “escassez” faz com que a cirurgia seja bem cara, mas é importante lembrar que ela está se tornando cada vez mais popular, o que tende a fazer os preços baixarem.
Se a luz acabar durante as cirurgias robóticas, tudo dará errado
Mito. Os equipamentos para cirurgias robóticas ficam ligados por algum tempo mesmo na falta de energia elétrica. Então, se for necessário, os profissionais irão desligar o robô e fazer todos os procedimentos necessários para continuar a intervenção utilizando a técnica de laparoscopia.
Então, o paciente pode ficar despreocupado quanto a isso, pois problemas como este já foram imaginados durante o desenvolvimento do equipamento para que a falta de energia elétrica não coloque o paciente em risco.
Obesos e idosos são alguns dos grupos mais beneficiados nesse tipo de procedimento
Verdade. Há estudos que comprovam que a cirurgia robótica é muito vantajosa para esses grupos, pois traz benefícios, como menos dor, recuperação acelerada e menor dificuldade técnica.
A cirurgia com auxílio de robôs é a mais indicada para todos os casos
Mito. Embora esse tipo de procedimento seja muito eficiente, ele não será a melhor escolha para todos os casos. Então, cabe ao médico avaliar a situação e definir a abordagem adequada para cada paciente. Muitas pessoas têm a ideia de que o que é mais novo é necessariamente melhor, mas há situações em que não há motivos para a indicação de cirurgias robóticas e que seria mais adequado resolver o problema por outros métodos, como por uma cirurgia laparoscópica.
Pré-operatório das cirurgias robóticas
Para garantir a segurança das cirurgias robóticas o paciente deve passar por uma profunda avaliação e adotar comportamentos que ajudem a minimizar os riscos dos procedimentos. Veja mais detalhes abaixo.
Avaliação pré-operatória
No caso de cirurgias bariátricas o paciente deve se encaixar nos requisitos que citamos em um tópico anterior deste texto. Depois o cirurgião irá realizar uma avaliação física e laboratorial completa.
Além disso, é necessário que o paciente tenha consultas com especialistas de outras áreas, como cardiologista, anestesista, psicólogo e outros. Assim é possível analisar sua saúde de forma mais abrangente e tomar precauções diante de qualquer anormalidade encontrada.
Alguns dos principais exames solicitados na fase pré-operatória são:
- Ecocardiograma;
- Eletrocardiograma;
- Nível de hemoglobina;
- Função renal;
- Glicemia;
- Raio-x de tórax;
- Doppler de carótidas.
O paciente também deve ficar atento para sempre passar ao médico todas as informações importantes. Por exemplo, se houver uso rotineiro de medicamentos isso deve ser informado, principalmente se forem do tipo anticoagulante, pois eles precisam ser suspensos antes da intervenção.
Caso não haja problemas com os exames será possível marcar a data da cirurgia. É dever do cirurgião tirar todas as dúvidas do paciente e sempre ser muito claro quanto aos riscos envolvidos no procedimento.
Importância da dieta pré-operatória
A dieta pré-operatória antes das cirurgias robóticas é importante para que o corpo receba a nutrição necessária, o que ajuda a reduzir problemas como hemorragia, desidratação, estresse e nervosismo. Além disso, uma alimentação adequada ajuda a acelerar o processo de cicatrização.
É preciso adotar uma dieta rica em proteínas e com fontes de vitaminas A, C e K e zinco, que além de ajudar na cicatrização reduzem o risco de infecções. A vitamina K também é muito importante para o processo de coagulação do sangue. Alguns dos alimentos recomendados são:
- Carnes magras: peixes, frango e carne vermelha com pouca gordura;
- Grãos: quinoa, arroz e pães integrais;
- Legumes: alguns dos mais recomendados são a batata doce, pimentão, folhas verdes, cenoura e brócolis;
- Frutas: laranja, limão, abacate, bananas e maçãs;
- Laticínios: queijo, iogurte e leite;
- Gorduras saudáveis: sementes, nozes, azeite e abacate.
Nas 48 horas que antecedem o procedimento é recomendado adotar uma dieta leve e nas 8 horas finais o paciente deve entrar em jejum absoluto.
Além de fazer boas escolhas alimentares é preciso beber bastante água. Alguns médicos recomendam que o consumo seja de 2 a 5 litros por dia. Por fim, faça alterações em sua dieta o mais cedo possível, pois assim os resultados serão maximizados. O ideal é que o paciente adote uma dieta mais saudável logo que a data do procedimento seja marcada.
O que evitar na dieta antes das cirurgias robóticas
Antes das cirurgias robóticas é fundamental que o paciente evite fazer mudanças que não foram recomendadas pelos médicos. Por exemplo, mesmo que haja um grande desejo de emagrecer nesse período, isso deve ser feito de forma equilibrada, evitando-se dietas extremamente restritivas que levem a uma drástica perda de peso em um curto espaço de tempo.
Lembre-se de que o mais importante agora é a sua saúde, então você deve se alimentar de uma forma que favoreça a boa nutrição para que o seu corpo tenha tudo o que precisa e consiga eliminar algumas substâncias que possam fazer mal.
Nesse sentido, o paciente não deve comer coisas que prejudiquem o sistema imunológico e comprometam o processo de cicatrização. Alguns dos alimentos a serem evitados são:
- Refrigerantes;
- Frituras;
- Carnes gordas;
- Molhos prontos;
- Embutidos;
- Enlatados;
- Bolos;
- Salgadinhos;
- Produtos processados, como salsicha e presunto.
Em geral é importante evitar ao máximo os produtos industrializados, pois eles costumam contar com grandes concentrações de açúcar, sódio e diversos conservantes. Sempre que possível dê preferência a produtos naturais e evite comprar refeições prontas, pois quando você mesmo faz o preparo é possível se concentrar em escolhas mais saudáveis.
Outras recomendações
Para garantir a segurança durante o procedimento há outros cuidados básicos que os pacientes devem tomar:
- Não beber nos 30 dias que antecedem a cirurgia, assim o paciente evita a sobrecarga no metabolismo dos órgãos;
- Não fumar por pelo menos 30 dias;
- Suspender o uso de anticoncepcional para reduzir o risco de trombose.
Como se manter ativo antes das cirurgias robóticas pode acelerar o processo de recuperação?
A prática de exercícios físicos antes das cirurgias robóticas traz diversos benefícios para o paciente, como aumento da resistência física e energia, além do fortalecimento do sistema cardiovascular, o que reduz as chances de complicações durante a cirurgia e acelera o processo de recuperação pós cirurgia. Outras vantagens a serem consideradas são:
- Redução da glicemia;
- Redução da pressão arterial;
- Menos dores pelo corpo;
- Redução da gordura subcutânea e visceral;
- Redução de peso, o que é de extrema importância principalmente durante uma gastroplastia;
- O paciente ganha mais força muscular e flexibilidade, o que é importante na fase pré e pós-operatória.
Mas é fundamental que a atividade física seja recomendada por especialistas, já que cada paciente irá se adequar melhor a um tipo de exercício. Além disso, os exercícios corretos reduzem o risco de o paciente se lesionar durante a prática ou não obter os resultados esperados.
Como funcionam as cirurgias robóticas? Da anestesia à preparação do centro cirúrgico?
As cirurgias robóticas são marcadas após realizar todos os exames e passar pela avaliação da equipe multidisciplinar. No dia do procedimento o paciente deve ser internado com algumas horas de antecedência.
Assim ele receberá todo o auxílio necessário da equipe multidisciplinar e será preparado para que seja levado à sala operatória. No momento da cirurgia o paciente receberá uma anestesia geral para que não sinta dor ou qualquer tipo de incômodo.
A equipe cirúrgica irá posicionar o paciente no local adequado, assim como todos os equipamentos, o que inclui os braços robóticos e as pinças. Já o cirurgião deve se posicionar no console de onde irá realizar a cirurgia remotamente.
Embora o cirurgião não manipule os equipamentos diretamente, sempre haverá um profissional ao lado do paciente durante as cirurgias robóticas. Ele deverá fazer o monitoramento e alertar o cirurgião caso perceba algum problema.