Para compreender como ocorre a cirurgia de hérnia de hiato, é fundamental conhecer o funcionamento do corpo humano. O diafragma, um músculo que separa o tórax do abdômen, possui uma abertura natural chamada hiato esofágico, pela qual o esôfago passa para conectar a boca ao estômago. Quando esse hiato se torna maior ou dilatado, partes do estômago podem penetrar através desse orifício, resultando na condição conhecida como hérnia de hiato.
Esse tipo de intervenção cirúrgica geralmente é indicada pelo gastrocirurgião ou outro especialista em casos de hérnias grandes ou quando o tratamento clínico do refluxo gastroesofágico falha.
No entanto, com os avanços da medicina, essa intervenção tornou-se razoavelmente simples. Isso porque, atualmente, existem técnicas minimamente invasivas que permitem uma recuperação rápida.
Ao longo deste artigo, você descobrirá tudo sobre o tratamento da doença e o seu pós-operatório. Prossiga com a leitura e confira!
Antes da cirurgia de hérnia de hiato, saiba o que é e como se forma a condição
Antes de se submeter a uma cirurgia de hérnia de hiato, é importante saber o que é e como se forma o problema. A hérnia de hiato esofágico é uma condição que pode provocar intensas dores no corpo do paciente, especialmente na região do peito. Devido a essas dores agudas, alguns casos podem ser confundidos com condições cardíacas, como o infarto do miocárdio.
No corpo humano, há um grande músculo situado na parte inferior dos pulmões, conhecido como diafragma, cuja função é separar o tórax do abdômen. Para que os alimentos possam ser transportados da boca até o estômago, o esôfago precisa atravessar o diafragma por meio de uma abertura chamada hiato esofágico.
Assim, durante a alimentação, o hiato esofágico abre-se para permitir a passagem dos alimentos ao estômago e, depois, fecha-se para evitar o refluxo destes de volta pelo esôfago.
Quando, por alguma razão, o hiato se enfraquece e permite que partes do estômago ultrapassem essa abertura, o paciente pode ser diagnosticado com hérnia de hiato. Nessa situação, além do esôfago, conteúdos do estômago também ficam acima do diafragma, gerando diversos sintomas.
Adicionalmente, a hérnia de hiato pode ser causada pelo deslocamento do esôfago, que acontece quando ele se posiciona de maneira anormal através do diafragma.
Quais são as possíveis causas?
As causas da hérnia de hiato ainda não são completamente compreendidas. Entretanto, sabe-se que a condição é mais comum em pacientes com sobrepeso ou obesidade, idosos e mulheres que já tiveram gestações.
Além desses fatores, outros elementos podem contribuir para o desenvolvimento de uma hérnia de hiato. Entre eles, estão:
- Levantamento de peso;
- Tosse;
- Espirro;
- Esforço durante movimentos intestinais;
- Vômito;
- Estresse;
- Tabagismo;
- Procedimentos cirúrgicos gastroesofágicos prévios;
- Histórico de hérnias.
Portanto, a combinação desses fatores pode aumentar a pressão abdominal, facilitando o deslocamento do estômago através do hiato esofágico.
Quais são os sintomas?
Em alguns casos, a hérnia de hiato não apresenta sintomas, e o seu diagnóstico se faz apenas durante exames executados por outros motivos.
No entanto, os sintomas mais recorrentes desse problema de saúde podem incluir:
- Arrotos frequentes ou eructação;
- Sensação de azia e queimação no peito;
- Dores no peito ou na região do estômago;
- Náusea;
- Sensação de digestão lenta;
- Dificuldade para engolir;
- Sintomas de refluxo gástrico, como tosse, rouquidão, dor de garganta e mau hálito.
Tipos de hérnia de hiato
Esse tipo de hérnia pode ser classificado da seguinte maneira:
1. Hérnia de deslizamento: é o tipo mais comum, representando aproximadamente 95% dos casos. Nessa forma, a junção esofagogástrica se desloca em direção ao tórax, desencadeando os sintomas típicos da condição.
2. Hérnia paraesofágica: nesse caso,a junção esofagogástrica permanece em sua posição normal, mas a região superior do estômago sofre protrusão para cima, ao lado do esôfago. Esse tipo é menos comum, mas pode ser mais grave em virtude das chances de complicações.
3. Hérnia combinada: alguns casos apresentam características de ambas as hérnias de deslizamento e paraesofágica, incluindo elementos de deslocamento e protrusão.
Além dos tipos mencionados, há outras formas mais raras de hérnia de hiato que podem incluir estruturas variadas, como o cólon ou o epíplon, no seu interior.
Diagnóstico
Realiza-se geralmente o diagnóstico que pode levar ou não à cirurgia de hérnia de hiato a partir de uma endoscopia ou exame de raio-X.
Porém, se houver sintomas persistentes e o resultado da endoscopia não for conclusivo, podem-se solicitar exames adicionais, como a manometria esofágica e a pHmetria, para uma avaliação mais detalhada e precisa.
Afinal, quando operar e como é feita a cirurgia de hérnia de hiato?
Indica-se a cirurgia de hérnia de hiato para pessoas com:
- Diagnóstico confirmado de refluxo gastroesofágico;
- Sintomas de refluxo intensos e frequentes;
- Falta de resposta aos medicamentos destinados ao tratamento do refluxo;
- Dependência constante de remédios que visam ao controle dos sintomas;
- Refluxo grave que compromete a qualidade de vida;
- Estrangulamento da hérnia.
Quando a hérnia de hiato provoca sintomas de refluxo gastroesofágico, o tratamento inicial é geralmente medicamentoso, visando, então, reduzir a quantidade de ácido produzido pelo estômago. Se a hérnia é pequena e não causa sintomas, a cirurgia normalmente não é necessária.
Desse modo, uma dieta com alimentos menos gordurosos e refeições leves, além da adoção de outros hábitos, como dormir com travesseiros altos e não ingerir bebidas durante as refeições, pode ajudar no controle dos sintomas. Ademais, a perda de peso pode ser uma das orientações do cirurgião do aparelho digestivo ou de outro médico.
Por outro lado, se a hérnia é de tamanho significativo, compromete outros órgãos e afeta a qualidade de vida, ou se os sintomas persistem apesar do uso correto e prolongado de medicações, pode-se recomendar o procedimento cirúrgico.
Portanto, existem várias técnicas cirúrgicas para corrigir a hérnia de hiato, e é o gastrocirurgião em conjunto com o paciente quem deve fazer a escolha pelo método mais adequado. Geralmente, realiza-se o procedimento por videolaparoscopia ou com o auxílio de uma plataforma robótica, com o objetivo de reposicionar o estômago e o esôfago, corrigindo o problema no diafragma.
Quais os riscos de uma cirurgia de hérnia de hiato?
A cirurgia de hérnia de hiato é um procedimento relativamente seguro, mas, como qualquer intervenção cirúrgica, envolve certos riscos. Por isso, é crucial informar-se bem sobre eles antes de decidir pela cirurgia.
Riscos gerais
Há alguns riscos comuns a qualquer procedimento cirúrgico. São eles:
- Complicações da anestesia, como reações alérgicas ou problemas respiratórios;
- Infecções no local da incisão;
- Sangramento excessivo durante ou após a cirurgia;
- Formação de coágulos sanguíneos.
Riscos específicos
Além dos riscos gerais, a intervenção cirúrgica em questão apresenta possíveis complicações específicas. Assim, entre as principais consequências negativas que podem ocorrer, destacam-se:
- Lesão do esôfago, estômago ou outros órgãos próximos no decorrer da cirurgia;
- Persistência do refluxo gastroesofágico após a cirurgia;
- Dificuldade para engolir;
- Náusea e vômito;
- Dor abdominal e desconforto.
Apesar de esses riscos serem relativamente raros, é essencial lembrar que a maioria das pessoas que passam pelo procedimento não enfrenta problemas significativos.
Contudo, é importantíssimo discutir esses riscos detalhadamente com seu médico antes de tomar a decisão de se submeter à cirurgia.
Quanto tempo demora a recuperação da cirurgia de hérnia de hiato?
Em média, o tempo necessário para a recuperação após a cirurgia de hérnia de hiato é de aproximadamente uma a duas semanas.
Geralmente, se permite a retomada das relações sexuais após cerca de 14 dias, mas outras atividades cotidianas, como dirigir, voltar ao trabalho e aos estudos, podem ser retomadas dentro daquele mesmo período, entre uma e duas semanas.
Como evitar a hérnia de hiato
Embora a hérnia de hiato não seja totalmente evitável, alguns hábitos ajudam a prevenir o desconforto. Então, confira abaixo algumas medidas essenciais:
1. Evite alimentos gordurosos e frituras: eles aumentam o risco de refluxo gastroesofágico.
2. Modere o consumo de alimentos condimentados: comidas muito temperadas podem aumentar a acidez estomacal.
3. Reduza bebidas gaseificadas: o gás aumenta a pressão no estômago, agravando o refluxo.
4. Não fume: o tabagismo enfraquece o esfíncter esofágico, facilitando o refluxo.
5. Controle a ingestão de líquidos durante as refeições: beber líquido em excesso aumenta a pressão no estômago.
6. Mantenha uma alimentação equilibrada: isso evita o ganho de peso, que pode piorar a condição.
7. Evite deitar-se logo após comer: espere, pelo menos, de 2 a 3 horas antes de se deitar, para reduzir o refluxo.
Consequentemente, com as precauções adotadas, também é possível afastar a necessidade da cirurgia de hérnia de hiato.
Cuidados pré e pós-operatórios da cirurgia de hérnia de hiato
A cirurgia de hérnia de hiato é um procedimento delicado que requer cuidados em todas as suas fases, desde o preparo inicial até a recuperação. Assim, seguir as orientações médicas rigorosamente é fundamental para garantir o sucesso do tratamento e minimizar riscos.
Por isso, separamos alguns itens que são indispensáveis durante todo o processo. Acompanhe adiante.
Preparação para o procedimento
Após a indicação da cirurgia de hérnia de hiato pelo cirurgião do aparelho digestivo ou gastrocirurgião, o paciente precisa seguir uma série de passos, visando, então, garantir que está em boas condições para o procedimento. Sendo assim, veja alguns protocolos importantes:
a) Exames médicos: nas consultas anteriores à cirurgia, o médico solicitará alguns testes, como análises de sangue e avaliações cardiológicas, que são essenciais para verificar o estado geral de saúde do paciente. Dessa forma, objetivo é assegurar que os benefícios da intervenção superem os riscos associados.
b) Exames específicos: para um planejamento cirúrgico mais preciso, o paciente pode ser submetido a exames adicionais, como a manometria e a pHmetria, que avaliam o posicionamento e o funcionamento das estruturas gastroesofágicas. Esses exames ajudam, portanto, a identificar possíveis complicações que possam interferir no procedimento.
c) Atenção aos hábitos e medicamentos: nos dias que antecedem a cirurgia, o médico pode recomendar que o paciente pare de fumar e evite bebidas alcoólicas. Além disso, é essencial manter uma dieta leve, evitando alimentos gordurosos e pesados. O paciente também deve informar ao gastrocirurgião sobre qualquer medicamento de uso contínuo, pois alguns podem precisar ser suspensos temporariamente.
d) Jejum e preparo no dia do procedimento: é necessário que o paciente mantenha jejum por, no mínimo, oito horas antes da cirurgia (ou conforme orientação médica). Também é crucial garantir que a área a ser operada esteja, ento, devidamente higienizada, o que ajuda a reduzir o risco de infecções.
Portanto, seguir todas essas etapas pré-operatórias com atenção é essencial para alcançar um procedimento seguro e uma recuperação tranquila.
Pós-operatório da cirurgia de hérnia de hiato
O período pós-operatório da cirurgia de hérnia de hiato inicia-se logo após o procedimento. É comum que, nos primeiros dias, o paciente sinta, então, uma sensação de gases excessivos e tenha episódios frequentes de arroto. Com o tempo, essa sensação tende a diminuir.
Além do mais, a recuperação tende a ser mais tranquila quando se realiza a cirurgia por meio de técnicas minimamente invasivas. No entanto, independentemente do método utilizado, é fundamental aderir a algumas orientações:
- Alimentação: nos primeiros sete dias, consuma apenas líquidos ou alimentos cremosos e, a partir da semana seguinte, introduza gradualmente alimentos pastosos, conforme a orientação médica, até retornar à dieta sólida.
- Evitar certos alimentos: ao recomeçar a alimentação, evite comidas gordurosas, ácidas e bebidas alcoólicas ou gasosas.
- Atividades: não dirija durante a primeira semana após a cirurgia e evite levantar pesos ou realizar esforço físico intenso por, pelo menos, 30 dias.
- Relações sexuais: é recomendável abster-se de relações sexuais nos primeiros 15 dias após o procedimento.
- Cuidados com feridas: mantenha a higiene e o tratamento das feridas cirúrgicas, conforme as instruções do cirurgião do aparelho digestivo, por exemplo.
Quando a cirurgia é executada adequadamente, os riscos de complicações são baixos. No entanto, é crucial estar atento a determinados sintomas, como dores intensas, inchaço, febre e sangramentos. Caso alguma dessas manifestações ocorra, o médico deve ser contatado imediatamente.
Qual profissional pode realizar a cirurgia de hérnia de hiato?
A cirurgia de hérnia de hiato deve ser realizada por um cirurgião especializado em procedimentos do aparelho digestivo ou gastrocirurgião. Isso porque esses profissionais possuem a formação e o treinamento necessários para executar procedimentos que corrigem diversos tipos de hérnias abdominais e tratar outras condições que exigem intervenções cirúrgicas nessa área.
Os cirurgiões dessa especialidade são capacitados em técnicas modernas, como a videolaparoscopia e a cirurgia robótica, que oferecem várias vantagens, incluindo menos dor pós-operatória e uma recuperação mais rápida.
Além disso, são experientes em realizar cirurgias digestivas de emergência, o que é fundamental para o manejo de complicações que podem surgir rapidamente. Desse modo, a habilidade em lidar com situações complexas e a familiaridade com a anatomia do aparelho digestivo garantem que esses especialistas possam oferecer o melhor atendimento possível.
A escolha de um cirurgião qualificado é crucial para o sucesso da cirurgia de hérnia de hiato. Um cirurgião experiente não apenas executa a operação de forma eficaz, mas também fornece orientações essenciais durante o pré e pós-operatório. Isso inclui, portanto, cuidados sobre a alimentação e orientações sobre a recuperação, que são essenciais para evitar complicações e garantir uma boa evolução pós-operatória.
Assim, confiar a cirurgia a um especialista é vital para o tratamento eficaz das hérnias abdominais e outras condições digestivas.
O que acontece se a hérnia de hiato não for tratada?
A hérnia de hiato é mais comum do que muitos imaginam. Todavia, se não for tratada, essa condição pode levar a sérias complicações. Por isso, vamos explorar algumas das possíveis consequências:
1. Refluxo gastroesofágico (DRGE): a hérnia de hiato pode facilitar o refluxo do ácido estomacal para o esôfago, resultando em azia crônica e danos ao revestimento esofágico.
2. Esôfago de Barrett: o refluxo persistente pode evoluir para o esôfago de Barrett, uma condição que aumenta o risco de câncer esofágico.
3. Úlceras e sangramento: a irritação constante do esôfago pode provocar úlceras, que podem, então, levar a sangramentos no trato gastrointestinal.
4. Disfagia: esse tipo de hérnia pode dificultar a deglutição, causando desconforto ao engolir alimentos e líquidos.
5. Complicações respiratórias: o ácido que sobe para o esôfago pode atingir os pulmões, provocando tosse persistente, asma e, em casos mais severos, pneumonia.
6. Anemia: o sangramento resultante de úlceras pode desencadear anemia por deficiência de ferro, levando, desta forma, a alguns sintomas, como fadiga e fraqueza.
7. Estrangulamento da hérnia: em situações extremas, especialmente em hérnias grandes que deslocam partes do estômago para o tórax, pode ocorrer estrangulamento. Nesse contexto, é, então, exigida a cirurgia de emergência de hérnia de hiato.
Portanto, é fundamental buscar tratamento para a hérnia de hiato e para a doença do refluxo gastroesofágico, a fim de evitar essas complicações graves e melhorar a qualidade de vida.