Cirurgia de Hérnia inguinal: o que é e quais as técnicas utilizadas.

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Homem segurando na virilha precisando de uma cirurgia de hérnia inguinal - site Dr. Luiz Gustago Oliveira, cirurgião geral e bariátrico

A cirurgia de hérnia inguinal é o único tratamento eficaz para corrigir essa condição, que se manifesta na região da virilha e pode causar vários sintomas, como inchaço, dor, desconforto e sensação de peso ou queimação durante as atividades físicas.

Geralmente originada por uma fraqueza ou defeito na parede abdominal próxima à virilha, a hérnia inguinal é mais comum em crianças com menos de 5 anos e em homens mais velhos.

Ao suspeitar do problema, é crucial buscar um cirurgião geral ou gastrocirurgião, visto que o tratamento envolve principalmente a realização de cirurgia para prevenir complicações graves, como o encarceramento e o estrangulamento da hérnia.

O que é a hérnia inguinal?

A hérnia inguinal, caracteriza-se pelo surgimento de um abaulamento, além de dores na virilha. É um problema decorrente de um enfraquecimento da musculatura, na parte inferior da parede abdominal. Esses músculos são responsáveis por suportar pressões consideráveis, e a existência de uma fraqueza ou orifício desde a infância pode permitir que o conteúdo interno atravesse a musculatura em direção à superfície da pele, formando, assim, a protuberância característica.

Prevalente em homens, essa condição pode manifestar-se em qualquer fase da vida, apesar de ser mais comum em recém-nascidos ou em idosos. Além disso, indivíduos que fumam ou sofrem de constipação intestinal têm maior propensão a desenvolver hérnias inguinais, devido ao aumento da pressão abdominal.

A ocorrência mais frequente dessa condição em homens é explicada pelo processo de desenvolvimento intrauterino masculino, no qual os testículos são formados dentro do abdômen. Assim, por volta do sétimo ou oitavo mês de gestação, um túnel se forma para permitir que os testículos passem pela região inguinal em direção à bolsa escrotal.

Nas meninas, um túnel é criado para possibilitar a passagem dos ligamentos de fixação do útero. Em ambos os casos, esse canal deve cicatrizar e desaparecer antes do nascimento, deixando apenas um pequeno orifício conhecido como anel inguinal, por onde passam os vasos do testículo e o ducto deferente em direção à bolsa escrotal nos homens. 

Entretanto, em determinadas pessoas, esse canal pode não se fechar adequadamente, deixando uma área vulnerável pela qual os órgãos internos podem herniar.

Seus tipos

A hérnia inguinal pode ser classificada em dois tipos: direta e indireta. A forma direta é predominantemente observada em homens, muitas vezes surgindo após períodos prolongados de esforço físico. Ela tende a se desenvolver gradualmente, geralmente manifestando-se em pacientes adultos.

Por outro lado, o tipo indireto é mais recorrente em bebês e adultos jovens, sendo associado a um problema congênito. Nesse caso, o ponto fraco por onde ocorre a protrusão é o anel inguinal, que não fechou adequadamente durante o desenvolvimento fetal. Essa é a forma mais comum de hérnia inguinal, podendo afetar até 3% dos meninos e 1% das meninas.

Homem negro tapando a genitália - site Dr. Luiz Gustago Oliveira, cirurgião geral e bariátrico

Quais são os sintomas que caracterizam a necessidade de uma cirurgia de hérnia inguinal?

Para o diagnóstico que antecede uma cirurgia de hérnia inguinal, é importante elencar seus sintomas característicos, que incluem:

1. Inchaço na virilha, que pode atingir a bolsa escrotal em homens ou a vulva em mulheres;

2. Dor ou desconforto na região inguinal ao se levantar ou carregar peso;

3. Sensação de peso ou queimação na raiz da coxa.

Embora esses sintomas nem sempre sejam facilmente perceptíveis, especialmente quando a hérnia é pequena, eles tendem a se intensificar durante a prática de atividades físicas, tosses ou longos períodos em pé.

Além disso, quando não tratada, a hérnia pode se agravar, maximizando o risco de complicações, como o encarceramento, no qual o intestino fica preso, e o estrangulamento, caracterizado pela interrupção do fluxo sanguíneo na área afetada.

Para identificar um possível encarceramento da hérnia ou quadro de estrangulamento, é crucial estar atento a estes sintomas:

– Dor intensa no local da hérnia;

– Vômitos e náuseas;

– Distensão abdominal;

– Cessação de evacuação e/ou eliminação de gases;

– Inchaço repentino na região inguinal;

– Endurecimento da protuberância, com ou sem vermelhidão local.

Vale destacar que a hérnia encarcerada é uma complicação séria devido ao potencial de obstrução intestinal; portanto, em caso de suspeita, é recomendado buscar assistência médica de emergência, para avaliação e início do tratamento adequado.

Como é feita a cirurgia?

A cirurgia de hérnia ou herniorrafia inguinal é o procedimento indicado para tratar o problema, podendo haver o uso de medicamentos de forma complementar, a fim de reduzir e controlar os sintomas citados.

Existem diferentes abordagens na realização da herniorrafia inguinal, e a escolha da técnica cirúrgica mais apropriada depende do estado de saúde do paciente e das características da hérnia. 

Embora a intervenção cirúrgica seja o único método de tratamento para a hérnia inguinal, sua marcação não requer necessariamente urgência. A realização do procedimento pode ser agendada, conforme a conveniência tanto do paciente quanto da equipe médica. 

Todavia, em casos de complicações, como o encarceramento ou estrangulamento da hérnia, a abordagem deve ser realizada de forma emergencial. 

A seguir, veja as principais modalidades cirúrgicas empregadas na atualidade.

Cirurgia aberta

A hernioplastia pela técnica de Lichtenstein é uma abordagem convencional indicada para casos de urgência. Após anestesia local ou geral, o cirurgião realiza uma incisão na virilha do paciente, reposiciona o conteúdo herniado e reforça a parede abdominal com uma tela de polipropileno.

Esse procedimento é executado de forma segura e eficaz, oferecendo resultados satisfatórios.

Cirurgia de hérnia inguinal videolaparoscópica

A cirurgia de hérnia inguinal por videolaparoscopia é minimamente invasiva, o que reduz o tempo de recuperação e a dor pós-operatória. Isso porque, com três pequenas incisões, o cirurgião geral ou do aparelho digestivo utiliza uma câmera para ampliar a visão, facilitando a manipulação dos instrumentos cirúrgicos.

Nesse tipo de cirurgia, a anestesia geral é necessária, sendo a técnica executada em aproximadamente 60 minutos.

Como é feita a cirurgia de hérnia robótica?

Considerada tecnologicamente mais avançada, a cirurgia de hérnia robótica assemelha-se à laparoscopia, mas é realizada por um robô controlado pelo cirurgião geral ou gastrocirurgião.

Na ocasião, três pequenas incisões são feitas, visando reposicionar os órgãos e fechar o orifício com o auxílio de uma tela cirúrgica.

A escolha entre as modalidades de tratamento é uma decisão tomada pelo especialista e que envolve considerações individuais. Caso o paciente decida adiar a cirurgia, há riscos de complicações, como hérnia encarcerada ou estrangulada, exigindo-se atendimento emergencial.

Quais os riscos da cirurgia de hérnia inguinal?

Como em qualquer procedimento operatório, a cirurgia de hérnia inguinal apresenta seus próprios riscos, que incluem lesões intestinais ou vasculares, infecções e reações alérgicas graves. No entanto, graças ao avanço da medicina e à experiência dos cirurgiões, esses riscos são minimizados, sendo raros. 

Ainda assim, uma pequena parcela de pacientes, representada por menos de 1% dos casos, pode apresentar complicações. São elas:

1. Seroma: trata-se do acúmulo de líquido na região da cirurgia, mais comum em hérnias grandes. Geralmente, é benigno e tende a ser absorvido espontaneamente em algumas semanas. Desse modo, repouso e compressas podem ajudar a diminuir o problema.

2. Hematoma escrotal:consiste no acúmulo de sangue na bolsa escrotal. Ele causa mais desconforto que o seroma e pode requerer intervenção cirúrgica para drenagem. Assim, uma técnica cirúrgica cuidadosa pode diminuir a sua incidência.

3. Infecção:as cirurgias de hérnia inguinal são consideradas limpas, e o risco de infecção é baixo – geralmente entre 1% e 2%. O tratamento pode envolver o uso de antibióticos e, em alguns casos, a retirada da tela cirúrgica.

4. Orquite isquêmica: inflamação do testículo que ocorre após a operação, devido à manipulação dos vasos sanguíneos. O tratamento costuma envolver o uso de anti-inflamatórios e suporte escrotal.

5. Infertilidade: é rara, podendo ocorrer em cirurgias de hérnias bilaterais, se houver lesão no ducto por onde passam os espermatozoides.

6. Lesões vasculares ou de órgãos: extremamente raras, elas podem comprometer alguns órgãos, como a bexiga e o intestino. Seu risco é maior em hérnias grandes ou recorrentes.

Qual é o tempo de recuperação de uma cirurgia de hérnia inguinal?

Finalizada a cirurgia de hérnia inguinal, primeiramente, é importante destacar que, em condições normais, a alta hospitalar pode ocorrer em até 24 horas. Já no caso de cirurgia convencional, o paciente pode ser liberado em até dois dias.

Para garantir uma recuperação completa, o pós-operatório deve ser rigorosamente seguido, conforme as orientações médicas. Por isso, recomenda-se que o paciente retorne ao médico alguns dias após a cirurgia, para uma avaliação individualizada sobre quando reintroduzir certas atividades na rotina, como exercícios físicos. No entanto, é fundamental ressaltar que o tempo de recuperação pode variar de pessoa para pessoa.

Além disso, é crucial tomar alguns cuidados ao retornar para casa, especialmente durante as duas primeiras semanas, tais como: 

– Adotar um repouso relativo, como evitar dobrar o tronco, até que a ferida esteja, portanto, completamente cicatrizada;

– Não carregar mais de 2 kg de peso;

– Não dormir de barriga para baixo;

– Consumir alguns alimentos ricos em fibras, evitando, assim, a constipação.

No caso da cirurgia de hérnia inguinal clássica, deve-se evitar realizar esforços e permanecer sentado por longos períodos durante o primeiro mês, o que inclui não dirigir. Já na cirurgia laparoscópica, a recuperação tende a ser mais rápida, permitindo que o paciente retome gradualmente suas atividades, como caminhar, subir escadas e ter relações sexuais, de 3 a 5 dias após o procedimento, desde que não causem dor.

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